Os girassóis estão entoando alvíssaras e evoés diante da iminente confirmação da notícia mais aguardada no Coletivo do PSB na Paraíba: a entrada em cena do governador Ricardo Coutinho na campanha eleitoral de 2018, não como cabo eleitoral ou como orador ilustre no palanque, mas como candidato ao Senado, vencendo uma resistência que ele próprio demonstrava em relação ao mandato naquela Casa do Congresso. Advindo a confirmação do que já se anuncia, não há o que discutir: muda radicalmente o cenário para as eleições de 2018 na Paraíba. Em tese, Ricardo ingressa ungido como provável dono de uma das cadeiras em jogo (serão duas as cadeiras renovadas). De quebra, torna-se o grande agitador político na campanha, provocando adversários, enumerando obras, fazendo comparações com outros governos. Dará à campanha o toque de emoção que corria o risco de não aparecer.
Não faltará quem alerte que sempre é bom ir devagar com o andor, já que política continua sendo uma caixinha de surpresas e há inúmeros casos, aqui mesmo na Paraíba, em que o triunfalismo derrotou inapelavelmente candidatos favoritos em eleições majoritárias. Um dos casos mais emblemáticos, sempre referido, foi o de 86, quando o ex-governador Wilson Leite Braga desafiou-se a conquistar uma vaga no Senado. Era tido, previamente, como sacramentado discutia-se quem ocuparia a outra vaga. Até que, saindo das franjas do remoto interior paraibano, o empresário Raimundo Lira desembarcou em João Pessoa para levantar o troféu na sede do TRE, sendo diplomado senador da República. Era neófito, a crônica política tratava Lira como azarão e insistia-se na tecla da grande muralha erguida no seu caminho: a candidatura de Wilson, consagrado nas urnas em 82 quando derrotou impiedosamente uma legenda ética da política, Antônio Mariz. Pois, contrariando apostas, palpites ou prognósticos, deu Lira.
Lira é, sem favor, novamente, um dos mais atuantes senadores da Paraíba e está aí na luta para renovar o mandato nas urnas. Quanto a Ricardo, virou praxe perguntar a causa pela qual ele não se entusiasmou por uma candidatura ao Senado. Além de ter chances concretas de eleição, Coutinho seria um quadro valoroso no Congresso para defender as causas e interesses do Estado da Paraíba e do Nordeste como um todo. Como administrador, tem oferecido ao País exemplos de austeridade e de dinamismo. Consegue manter a situação financeira e fiscal sob controle, enquanto Estados importantes como o Rio estão em petição de miséria, às voltas com atrasos na folha de pessoal e no pagamento a fornecedores, além da inviabilidade de execução de obras. Coutinho também faz obras na Paraíba. Quando é discriminado pelo governo Temer, que qualifica de ilegítimo, faz das tripas coração, cozinha-se nas próprias banhas e arranca do Tesouro estadual os reais necessários para viabilizar empreendimentos. Um executivo nota máxima, sem nenhum favor.
As imperfeições ou os defeitos de Ricardo e do seu governo virão inevitavelmente à tona na campanha eleitoral, ele no papel de postulante ao Senado. É preciso dizer que entre as razões de Ricardo, até então, para não assumir candidatura majoritária este ano, havia o fato de que lá na frente ele pretende voltar a ser prefeito de João Pessoa, gestão que empalmou por duas vezes. Nada impede, porém, que eleito senador dispute novamente a prefeitura. Cartaxo está recém-reeleito ainda e já cruza os céus do Estado, de João Pessoa a Cajazeiras, pedindo votos, informalmente, para governador. Diz um político ligado a Ricardo que ele é um quadro luxuoso para qualquer agrupamento. Um outro interlocutor define que ele é a jóia da Coroa na disputa acirrada de 2018. Digam o que disserem, é inevitável constatar: os girassóis estão com outro humor, exibindo um sorriso de canto a canto. E é o mago Ricardo que possibilita esse estado de graças.
Nonato Guedes – nonaguedes@uol.com.br