O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, num ensaio publicado na revista CartaCapital, adverte para os riscos de ilegitimidade do pleito presidencial deste ano se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for impedido de participar, em virtude de processos a que responde na Justiça e de condenação imputada pelo juiz Sergio Moro. A eleição será uma com a participação de Lula e outra, completamente diferente, se o ex-presidente for impedido de disputá-la, apregoa Coimbra, pontuando que a maioria da sociedade deseja a participação do líder petista no processo eleitoral, não reconhecendo o teor das acusações formuladas contra ele.
Baseado em pesquisas, Marcos Coimbra assinala que reduz-se a um terço a parcela da opinião pública que deseja que o ex-presidente Lula seja proibido de concorrer. Os dois terços que querem vê-lo na eleição constituem um contingente maior do que os que pretendem votarem seu nome. Incluem, portanto, gente que não pode ser considerada lulista, que não possui vínculo partidário ou simpatiza com ele. Muitos dos que respondem que Lula deve participar são apenas cidadãos que prezam a democracia e não concordam com a exclusão de uma candidatura como a dele, pelos motivos alegados. É um resultado extraordinário, considerado o imenso esforço dos adversários do ex-presidente para deslegitimá-lo. Estamos no fim do quinto ano de uma campanha incessante que começou em 2013 e se tornou uma caçada sem tréguas de 2015 para cá, enfatiza.
Coimbra observa que na linha de frente da tal caçada estão as brigadas do corporativismo estatal, do Judiciário, do Ministério Público e do aparato policial, de braços dados com veículos de comunicação da elite econômica. Talvez não tenha havido um só dia, nesses cinco anos, sem que uns fabricassem ou requentassem denúncias e acusações e outros procurassem fazer o maior alarido possível com elas. Não funcionou. O efeito de todo esse esforço, durante todo esse tempo, foi apenas convencer o terço antilulista e antipetista da sociedade daquilo que estava convencido. A maioria do país continua a não concordar com sua exclusão, por apreço por ele ou pela democracia. Na opinião de Coimbra, a maioria da população gosta de Lula e o admira.
– O apoio a Lula, mostram os estudos, é maior no povo do que nas classes médias e nas elites. Aqueles que mais o admiram são os mais pobres, de menor escolaridade, residentes em municípios pequenos de regiões subdesenvolvidas. Se a minoria impuser ao País uma eleição sem Lula, ela não passará de um simulacro. Seu vencedor será fraco, com baixa liderança e baixa capacidade de mobilizar o País, alguém que lá chegou somente graças a manobras de tapetão. Para vencer ou ser derrotado, o Brasil precisa de uma eleição com Lula finaliza Marcos Coimbra.
Nonato Guedes