Um encontro entre o senador José Maranhão (PMDB) e o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), na virada do Ano, repercutiu nos meios políticos paraibanos diante da reviravolta que pode produzir nas equações para a disputa de outubro. Maranhão teria acenado a Romero com a possibilidade dele influenciar na formação da chapa pela qual disputará o governo. Uma das hipóteses aventadas seria a candidatura do próprio Romero à segunda vaga ao Senado, já que a outra está reservada para o senador peemedebista Raimundo Lira. Foi aí que se ventilou o nome da mulher de Romero, Micheline, para compor a chapa de JM como candidata a vice. Ela nunca disputou mandatos eletivos e sempre ficou à sombra de Romero, mas seu nome passou a frequentar o noticiário entre o fim de 2017 e este começo de ano.
A proposta é no sentido de que Micheline se filie a um outro partido, já que o PSDB está sob controle do senador Cássio Cunha Lima, que é candidato à reeleição. Houve receptividade a essa alternativa e consensuou-se que os entendimentos serão aprofundados até que o martelo seja batido. Se a chapa vingar, estará caracterizado o racha no clã Cunha Lima-Rodrigues. Cássio e Romero são parentes legítimos e na primeira gestão de Romero seu vice foi Ronaldo Cunha Lima Filho, Ronaldinho, irmão de Cássio. Em 2016, quando pleiteou a reeleição, Romero optou por indicar Enivaldo Ribeiro, presidente estadual do PP, como seu vice. Os dois governam em conjunto a cidade Rainha da Borborema. Enivaldo é pai do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, líder do governo Temer na Câmara, e da deputada estadual Daniella Ribeiro, que faz oposição ao governo Ricardo Coutinho na Assembleia Legislativa.
Até agora, oficialmente, Romero tem reiterado sua disposição de concorrer ao governo, mas não fixou prazo para formalizar uma definição. Tem agido com cautela diante da movimentação do senador Cássio com vistas a formar na frente de apoio a Luciano Cartaxo(PSD), prefeito de João Pessoa. Numa entrevista à imprensa de João Pessoa, Romero deixou claro que não pretende desistir do apoio a Cássio Cunha Lima no projeto dele em se candidatar à reeleição ao Senado. Fora daí, deixou em aberta a definição sobre a disputa ao governo, tendo insinuado, inclusive, que o irmão gêmeo de Luciano, Lucélio Cartaxo, poderia vir a compor chapa que Rodrigues encabeçasse. Para experts políticos, os fatos demonstram que a fase de formação das chapas para a acirrada eleição de 2018 será pontuada de surpresas e subordinada às estratégias dos protagonistas do processo.
Nonato Guedes – nonaguedes@uol.com.br