Ex-funcionário do Banco do Brasil na cidade de Cajazeiras, no Alto Sertão da Paraíba, o economista Maílson da Nóbrega defende a privatização da instituição, argumentando que ela será benéfica ao país e aos funcionários do BB. Para ele, o Banco está pronto para essa solução. Poderá premiar funcionários por geração de negócios e produtividade, como ocorre em bancos privados. Livre do jugo do governo, aumentará a competição no mercado bancário e ampliará o papel de apoio ao desenvolvimento do país. O quarto Banco do Brasil da história será mais forte e promissor, escreveu Maílson em seu artigo na revista Veja.
O ex-ministro da Fazenda no governo Sarney afirma que o Banco do Brasil é a estatal mais emblemática do país, nascido em 1808 como banco privado para emitir moeda, uma necessidade criada pela chegada da Família Real ao Brasil e pela abertura dos portos. Nóbrega diz que o primeiro BB quebrou em 1829. Emitiu mais do que o lastro. Segundo Pandiá Calógeras, por erros atribuíveis quase que exclusivamente ao governo, por causa dos empréstimos dispensáveis que solicitara, ou melhor, impusera. O segundo BB surgiu em 1853 focado em crédito. Nasceu da fusão do Banco do Brasil, criado pelo barão de Mauá em 1851 com o Banco Comercial. Manteve-se sob o controle privado. O terceiro resultou da fusão do segundo BC com o Banco da República do Brasil em 1905. Com a Carteira de Redescontos, criada por lei de 1920, descontava seus empréstimos nele mesmo, algo inédito. Começava sua grande ascensão, sob controle crescente do governo relata.
Conforme Maílson, a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (lei de 1937) seria sua principal marca. Novas funções, inclusive de banco central, lhe foram atribuídas como o monopólio do câmbio, o controle e financiamento do comércio exterior, a fiscalização bancária e ade depositário de recursos do banco. Na lei que criou o Banco Central, de 1964, o BB constou como o principal instrumento da política de crédito oficial via Orçamento Monetário, uma estimativa dos balanços anuais do BC d do BB. Nasceu a conta de movimento, que supriria automaticamente o BB de recursos pelo BC, permitindo-lhe conceder empréstimos ilimitados. Nos anos 70, o Banco do Brasil virou o oitavo banco do mundo, mais pela forma de expandir seus empréstimos que pelo porte da economia. O BC atuava como banco de desenvolvimento em esquema similar ao do BB e geria a dívida pública. Nos anos 80, fortes pressões inflacionárias tornaram a situação insustentável. O BB perdeu força e passou a atuar como qualquer outra instituição financeira. Para Maílson, em 95 o Banco iniciou sua transformação, diversificando operações, sofisticando a base tecnológica e ganhando eficiência. Arca, ainda, com o ônus de ser estatal. Daí porque a saída, reitera Nóbrega, é a privatização.
Nonato Guedes