O MDB deve vir a ser um dos partidos mais afetados na Paraíba pela debandada de políticos rumo a outras legendas, aproveitando-se da abertura, a partir de março, da janela que possibilita migrações sem perda de mandatos. No MDB, figuras de destaque como o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, que foi prefeito de Campina Grande por duas vezes, revelam insatisfação com o comando do partido, presidido pelo senador José Maranhão, e com decisões que estão sendo tomadas, aparentemente sem consulta.
Veneziano estaria em fase de entendimentos avançados com o governador Ricardo Coutinho, do PSB, e examina a possibilidade de fazer parte da chapa majoritária socialista, em princípio encabeçada pelo secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo. Nesse desenho, Veneziano poderia ser contemplado com uma vaga ao Senado, em que substituiria ao irmão, Antônio Vital do Rêgo, atualmente ministro do Tribunal de Contas da União. A expectativa é de que a saída de Veneziano ocorra em abril, na dependência de êxito de uma articulação que envolve outros emedebistas como o deputado estadual Nabor Wanderley e possivelmente o deputado federal Hugo Motta.
Especula-se, ainda, a migração dos deputados Edmilson Soares e Athaydes Mendes (Branco), do PEN, e Lindolfo Pires, do Pros. Há alegações de descontentamento com mudanças ocorridas em direções partidárias, o que teria gerado desconforto para a permanência de alguns filiados. Branco Mendes se disse surpreso, por exemplo, com a forma como ele e Edmilson foram escanteados do PEN. Em setembro do ano passado, o comando da agremiação passou de Juracy Mendes, irmão de Branco, para o consultor de segurança Julian Lemos, que tem ligações com o presidenciável Jair Bolsonaro. Agora, Julian Lemos assume o PSL e caso eles continuem sem espaço vão estudar a possibilidade de mudança.
Uma matéria do jornal Correio da Paraíba estima que pelo menos oito dos 36 deputados estaduais envolveram-se em negociações para mudar a filiação. Eles precisam do apoio das legendas para disputar as eleições de 2018 e muitas das articulações para excluir filiados visam o interesse no pleito estadual. A janela somente beneficia os detentores de mandato que se encerra no ano da eleição. O deputado João Henrique, ainda filiado ao DEM, que apoia o governo Ricardo Coutinho, sinalizou que examina alternativas de sobrevivência. Nesse momento, não posso deixar o partido, tenho que permanecer, mesmo que forçosamente, mas devo dizer que recebi vários convites para me filiar a outras legenda, assim como já recebi insinuações para desocupar o partido, frisou.
Nonato Guedes