A notícia foi obtida em áreas políticas ligadas ao governador Ricardo Coutinho (PSB): a tese de apoio do esquema ricardista à candidatura do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, à sucessão estadual este ano começa a ser defendida como estratégia de salvação política e de destruição da frente oposicionista que vem sendo articulada nos bastidores. O argumento é o de que a pré-candidatura do secretário João Azevedo pelo PSB nem empolga os ricardistas e nem é considerada competitiva, apesar de todo o empenho que o gestor e auxiliares venham a fazer. A adoção do nome de Luciano (PSD) liquidaria de vez a tentativa de formação de uma frente oposicionista contra o esquema oficial.
A avaliação que passou a ser feita e que será levada ao conhecimento do governador, ainda que ele se recuse a aceita-la, é a de que Luciano está se agastando com a falta de firmeza de supostos aliados na oposição, como o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, e o senador José Maranhão. Uma composição Ricardo-Luciano é tida como imbatível e arrasadora para as pretensões do grupo Cunha Lima, o alvo maior que o governador socialista busca atingir. Um obstáculo a ser removido seria convencer o presidente estadual do PSD, Rômulo Gouveia, aliado de Cássio, mas algumas fontes asseguram que há espaço para vencer resistências e lembram que em 2014 Ricardo chegou a se aproximar de Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo de Luciano, cuja votação, para quem era neófito, chegou a ser expressiva ao Senado.
A chapa Luciano-governador, Ricardo-senador, passou a circular ontem mesmo em ambientes políticos empenhados em equacionar os impasses reinantes por trás da definição de alternativas. Luciano tem sido advertido de que o MDB vai protelar ao máximo uma decisão. Ainda ontem, o expoente da Executiva regional do partido, Antonio de Sousa, divulgou nota descartando que o partido antecipe para este mês as definições sobre alianças, ponderando que o MDB ainda vai editar suas resoluções nacional e estadual. Sabe-se que alguns filiados do MDB estão exigindo de Maranhão, pré-candidato ao governo, uma posição da legenda nas eleições até fevereiro. Querem saber se haverá candidatura própria, apoio ao PSB ou ao PSD. Despreocupado com as cobranças, Maranhão passou os últimos dias postando fotos em sua fazenda no Tocantins. Mas, de deputados federais a estaduais e prefeitos, a atmosfera é de inquietação. E isto leva os interlocutores de Ricardo a sugerirem que ele se antecipe e crie um fato novo na conjuntura local.
Nonato Guedes