Setores integrantes ou ligados à Frente Brasil Popular estão fazendo convocatória de uma vigília para o dia 23 e ato político para o dia 24 próximos para acompanhamento e manifestações de solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará sendo julgado por três juízes do TRF 4 em Porto Alegre. A convocação já está sendo feita nas redes sociais e os atos em favor de Lula acontecerão na praça João Pessoa, conectados com inúmeras outras manifestações programadas em diferentes Capitais e cidades brasileiras.
A partir das 8h30 de quarta-feira as atenções de todo o país estarão voltadas para uma sala de 115 metros quadrados localizada no terceiro andar da sede do Tribunal Regional Federal da Quarta Região em Porto Alegre. Ali, conforme a revista Veja, estará sendo escrito o que pode vir a ser o derradeiro capítulo da biografia do ex-presidente Lula. Os desembargadores da Oitava Turma vão decidir se acolhem ou não o recurso do petista contra a sentença do juiz Sergio Moro, que o condenou a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado. Dependendo do resultado, o ex-presidente poderá ter sua carreira política encerrada de forma melancólica preso e impedido de disputar qualquer mandato eletivo.
O julgamento promete ter repercussão internacional, diante da orquestração que expoentes do Partido dos Trabalhadores, agremiação fundada por Lula e pela qual ele se elegeu presidente da República por duas vezes, em 2002 e 2006, estão fazendo no sentido de denunciar que estará sendo praticado um golpe contra a democracia brasileira, a pretexto de inexistência de provas que possam condenar o ex-líder metalúrgico. Lula tem tido solidariedade, também, de organizações sindicais e de movimentos sociais identificados com o Partido dos Trabalhadores. A presidente nacional do PT, senadora pelo Paraná Gleisi Hoffmann, numa declaração considerada infeliz, advertiu que poderá haver morte se houver condenação, não entrando em detalhes.
Luiz Inácio Lula da Silva, nascido no interior de Pernambuco e que chegou com a família em São Paulo na condição de retirante expulso pela seca que afeta periodicamente o Nordeste, está sendo apontado como o chefe da quadrilha que tomou de assalto os cofres da Petrobras, empresa estatal de petróleo. Ele foi condenado por ter recebido como suborno um apartamento avaliado em 1,3 milhão de reais uma ninharia diante dos 270 milhões de reais que delatores disseram ter repassado a ele como dividendos de propina e caixa dois, mas que pode lhe render uma condenação pesada o suficiente para fulminar sua carreira. Na manhã do dia 24, os desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus vão definir o futuro do ex-presidente da República. Lula, nos últimos dias, atacou a Justiça e defendeu a demissão do juiz Sergio Moro mas evitou críticas diretas aos três juízes que julgarão seu caso. Não os conheço, não posso julgar pessoas que não conheço, foi sua desculpa, quando indagado por jornalistas.
Nonato Guedes