O governador Ricardo Coutinho (PSB) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que já estiveram aliados na política paraibana, estão em posições opostas no que se refere ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva hoje no TRF-4 de Porto Alegre. O governador gravou um vídeo manifestando absoluta convicção sobre a inocência do ex-presidente petista diante das acusações que lhe foram feitas de se beneficiar indevidamente de vantagens financeiras. Ressaltou, ainda, Ricardo, que há inúmeros outros figurões políticos comprovadamente envolvidos em irregularidades e que, no entanto, não sofrem qualquer punição.
Para Coutinho, há uma orquestração de bastidores políticos para inviabilizar a candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto, diante da constatação de que ele lidera pesquisas de opinião pública com projeções de cenário para o pleito 2018. Ainda mantenho a esperança de que a vontade do povo não seja bloqueada, depois de tantos golpes e retrocessos que têm acontecido ultimamente na conjuntura nacional, expressou Ricardo, que, pessoalmente, tem preferência pela candidatura do ex-presidente ao Planalto e está disposto a se engajar nela. Por sua vez, o senador Cássio Cunha Lima, primeiro vice-presidente do Senado Federal, identificou movimentação de partidários do PT e adeptos do ex-presidente da República com vistas a forjar uma crise artificial diante da iminente confirmação da condenação de Lula em Porto Alegre.
De acordo com o senador tucano, não há risco nenhum de convulsão social no país na hipótese de confirmação, pelos desembargadores do TRF-4 da sentença condenatória aplicada pelo juiz Sergio Moro. O que está em curso é uma estratégia de expoentes do Partido dos Trabalhadores para tentar artificializar uma crise. O que nós temos é um Brasil novo e melhor, onde as instituições funcionam, onde poderosos começam a responder por crimes que foram cometidos. A manifestação de Cássio aproximou-se da linha de raciocínio utilizada pelo presidente Michel Temer no exterior para comentar o assunto.
O presidente falou à imprensa em Zurique, na Suíça, onde pousou na tarde de ontem para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos. De conformidade com Temer, ao invés de sinalizar instabilidade política, o julgamento de Lula em segunda instância significa que as instituições brasileiras estão funcionando, o que dá tranquilidade para quem deseja investir no país. Salientou que seu objetivo no Fórum é o de mostrar o que é o novo Brasil. Em Davos, além de cumprir maratona de reuniões, o presidente Michel Temer apresentará um programa de concessões e privatizações dentro do que qualifica de política de abertura do mercado brasileiro ao investimento externo.
Nonato Guedes