Falecida no começo de 2016, a professora aposentada da UFPB e assistente social Elisa Mineiros, natural do Cariri, foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores no Estado e uma das militantes mais aguerridas em todo o país, com reconhecimento público até do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem se tornou amiga desde a época em que ele peregrinava por regiões tentando formar uma agremiação que mudaria a cena brasileira. Ela mesma rotulava-se atrevida e foi protagonista de episódios dramáticos e pitorescos durante suas lutas por igualdade e justiça social. Foi perseguida, presa e uma das poucas pessoas para quem o falecido ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, baixou a cabeça, para receber um beijo sua, durante encontro com comitiva brasileira em Havana.
Já o ex-presidente Lula, no primeiro encontro com a paraibana, durante um comício no bairro de Cruz das Armas, fez-lhe um apelo: Elisa, eu lhe peço uma coisa ajude os meninos a construir o PT. Descrita como exemplo de cidadania por Antonio Barbosa Filho, ex-diigente do PT em João Pessoa, Elisa foi entrevistada no projeto João Pessoas Memória da Cidade, empreendido por um grupo de jornalistas e intelectuais, como Fernando Moura, numa das gestões de Ricardo Coutinho como prefeito da Capital. Os pais de Elisa eram camponeses, residentes no Sítio Amaro, município de Monteiro. Fichada no Quartel de Infantaria de Campina Grande no regime militar, viveu 12 anos de cassação branca e muito sofrimento. Em 2005, por ocasião das celebrações dos 50 anos da UFPB, recebeu a Medalha Sapientae Aedificat por ter contribuído com a formação de gerações e o desenvolvimento do país.
No depoimento para o projeto sobre a Memória de João Pessoa, o professor Eliezer Gomes, primeiro presidente do diretório estadual do PT na Paraíba, enalteceu a combatividade de Elisa Mineiros na fundação do Partido dos Trabalhadores. Ela possuía um fusca branco, no qual se deslocava para a Universidade e para cumprir outros afazeres. Ela viveu a construção do PT num momento em que ser do PT era difícil. Até dentro de casa a gente era agredido verbalmente, por ter preferência pelo PT, ressalta Eliezer Gomes. Ele admitiu que ultimamente a professora vinha acumulando divergências com atitudes tomadas pelo Partido dos Trabalhadores, mas observou que ela nunca deixou de ser apaixonada por Lula nem de se engajar às batalhas contra a exclusão social e pela incorporação de segmentos marginalizados no processo de desenvolvimento nacional.
Nonato Guedes