A bolsa de apostas sobre a saída do governador Ricardo Coutinho (PSB) e do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) dos cargos que ocupam para ficar disponíveis com vistas à disputa de mandatos ao governo do Estado e Senado movimenta freneticamente os meios políticos e jornalísticos da Paraíba. O problema é que tanto Coutinho como Cartaxo deparam-se com fatores de incerteza sobre a conveniência tática para abandonarem mandatos seguros e arriscarem seus destinos numa peleja absolutamente imprevisível.
Ambos são pressionados pelos respectivos aliados e correligionários a entrarem no páreo como candidatos aos principais cargos majoritários, em virtude do prestígio que possuem e da influência colateral que possam exercer para fortalecer bancadas na Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado. Sem eles na linha de frente dos palanques, a insegurança passará a prevalecer, sobretudo junto a neófitos em política, como é o caso do técnico João Azevedo, secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, lançado pelo governador Ricardo Coutinho para a sucessão como candidato a governador. Azevedo tem serviços prestados e capacidade profissional reconhecida, mas é jejuno em política nunca concorreu, sequer, em eleição para síndico de prédio. Esteve na agulha para disputar a prefeitura da Capital, mas foi preservado para embate mais significativo, que é o de governador.
Já Luciano Cartaxo, reeleito em primeiro turno à prefeitura da Capital em 2016, vinha condicionando uma virtual candidatura a governador à unidade do bloco de oposições em torno do seu nome, invocando suposta liderança que mantém em pesquisas de intenção de voto, qualitativas e quantitativas, para o páreo de outubro próximo. O que atrapalhou a estratégia de Cartaxo foi o pré-lançamento das candidaturas do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB) ao Palácio da Redenção e do senador José Maranhão (MDB) a um posto que já exerceu por três vezes. Interlocutores do prefeito da Capital revelaram com exclusividade a este site que, apesar de visivelmente agastado com a indefinição de outros postulantes, Luciano está resolvido a pagar para ver, desincompatibilizando-se da prefeitura e assumindo a céu aberto a postulação governamental.
Cartaxo conta com manifestações reiteradas de apoio do seu vice-prefeito, Manoel Júnior, do MDB, que seria beneficiado com a ascensão do prefeito ao governo, passando ele a se investir automaticamente na prefeitura, podendo disputar a reeleição em 2020. Ainda ontem, Júnior vocalizou declarações apelando ao senador José Maranhão para que tenha espírito de renúncia e seja o fiador de um processo de renovação nas lides políticas locais, levando em conta o fato de que ele (JM) ainda tem um bom pedaço de mandato para concluir no Senado. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) parece ser mais flexível no que diz respeito a uma composição para apoio a Cartaxo ao governo este ano. O desafio de Cássio, nas palavras de uma fonte, está sendo o de domesticar Romero Rodrigues, convencendo-o a deixar para outra oportunidade a pretensão de candidatar-se ao Palácio da Redenção.
Por Nonato Guedes