Considerada uma das canções mais líricas compostas nos últimos anos no Estado e grande vencedora do I Festival de Música da Paraíba, evento realizado pelo governo neste mês de janeiro com eliminatórias em Sousa e Campina Grande e final em João Pessoa, Imprópria, de Chico Limeira, foi alvo de duras críticas do jornalista Abelardo Jurema em sua coluna no Correio da Paraíba, o que gerou reações do próprio autor da música e de diversos artistas paraibanos.
A letra da canção parte da visão de um pôr do sol no Centro Histórico, mais especificamente na rua General Osório, para refletir sobre a colocação de nomes de políticos em logradouros públicos. A partir daí, a canção questiona a colocação de nomes como Valentina de Figueiredo, Ernesto Geisel, Epitácio Pessoa, Ruy Carneiro em ruas da capital paraibana. E sugere a colocação de nomes de planta, de besouro, de palhaço e de bailarina, entre outros.
Herdeiro da tradição da família Pessoa na Paraíba, o jornalista Abelardo Jurema não gostou da letra da canção e elevou o tom em sua coluna no jornal Correio da Paraíba. Disse Abelardo, em nota intitulada Desce: Na letra da canção ganhadora do Festival de Música de João Pessoa (sic), o autor diz desconhecer quem são os vultos históricos da Paraíba, considera Epitácio Pessoa trapaceiro e diz que não conheceu João Pessoa. E sugere que as ruas e logradouros públicos tenham nomes de bandas, palhaços ou aves de rapina. Que tal Wesley Safadão?.
Chico Limeira não deixou por menos e respondeu em sua página no Facebook: desce mais, desce mais um pouquinho… trecho da coluna de abelardo jurema filho neto júnior sei lá terceira leva do mermo sujeito. tá incomodando, tá valendo, boy! tamo famoso. A resposta irônica de Limeira recebeu o apoio de diversos artistas como Gustavo Limeira, Pedro Santos, Bruno Gaudêncio, Thiago Moura, Bebé de Natércio, entre outros.
O Festival de Música da Paraíba foi organizado pela Rádio Tabajara, Fundação Espaço Cultural da Paraíba, Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e Secretaria de Estado da Comunicação Institucional (Secom). Com eliminatórias em Sousa e Campina Grande, a final foi disputada em João Pessoa, no Espaço Cultural, sendo encerrada com show de Chico César. A curadoria do festival foi feita pela maestrina Priscila Santana (do projeto Prima), os cantores e compositores Pedro Osmar e Arthur Pessoa, o secretário estadual de Cultura, Lau Siqueira, e o produtor Dinarte Nóbrega. Mais de 300 canções foram inscritas, em diversas regiões do Estado. Ao todo, 303. Além de ganhar com a melhor canção, Chico Limeira foi eleito o melhor intérprete.
Confira, abaixo, a letra na íntegra:
Não vou chamar de General Osório essa vista linda
Nem tenho nada a ver com Figueiredo, fílho de Valentina
Considerando essa boa vibe
Acho muito feio o nome do Geisel
E os personagens trapaceiros Epitácio, Ruy Carneiro
Na história não são principais
Passei primeiro na Pedro Segundo
Primeiramente fora de lugar
Segundamente fora de contexto
Terceira leva do mesmo sujeito
Mesmo sobrenome
Pra botar na placa, pra botar na praça
Pra botar na rua onde passa a massa
Que não sabe nem quem diabo foi esse barão
Vice-presidente, Duque, Deputado
Altamente ultrapassado
Por Linaldo Guedes
linaldo.guedes@gmail.com