Declarações feitas em Campina Grande pelo governador Ricardo Coutinho (PSB), reproduzidas pelo site Paraiba online, de Arimatéa Souza, estão repercutindo intensamente nos meios políticos do Estado diante da mudança de tom, de forma radical, imprimida pelo gestor socialista às análises sobre a disputa eleitoral de outubro. Desfazendo sinalizações anteriores de que poderia encarar uma disputa ao Senado, o governador desabafou de forma surpreendente que estaria identificando riscos ao projeto político por ele concebido e insinuou que não deixará o governo porque não confia no grupo da vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT.
Ricardo Coutinho deixou claro que é ele quem coordena o projeto político-administrativo que, na sua opinião, provocou mudanças positivas na realidade do Estado. Reiterou que não admite qualquer sintoma de ameaça à continuidade desse projeto, admitindo que o executa em parceria com o PSB e com outros partidos aliados. Mas, conforme a sua advertência, só teria condições legítimas de se afastar do Palácio da Redenção para concorrer a mandato eletivo se tivesse certeza ou convicção absoluta de que nada abalaria a sequência do programa posto em prática em todo o Estado e focado na melhoria das condições de vida dos paraibanos.
Sem a plenitude dessa certeza ou convicção, o governador socialista permanecerá até o último dia no exercício do mandato, dando prosseguimento a obras que estão programadas e empenhando-se pela liberação de outros investimentos em benefício da população. De forma paralela, deverá se empenhar pela chapa partidária ao governo, a ser encabeçada pelo secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo, que está em pré-campanha informal com o consentimento do chefe do Executivo. Ricardo explicou que só haveria uma possibilidade de cumprir tarefas políticas, em caráter pessoal, na condição, por exemplo, de candidato ao Senado: se isto fosse necessário para a continuidade do êxito do projeto e se existisse a garantia de que o desideratum por ele pretendido será alcançado.
Embora Ricardo Coutinho não tenha entrado em detalhes nas declarações feitas em Campina Grande, a leitura corrente em alguns setores políticos é de que ele está encontrando tremendas dificuldades para viabilizar uma chapa competitiva em condições de derrotar as oposições nas eleições de outubro. Um outro sintoma seria o de desconfiança por parte do governador em relação à lealdade de figuras que o acompanham desde o início da segunda gestão, conforme alguns líderes políticos expressaram em off. Essas fontes chegam a acreditar que Ricardo está em situação desesperadora para o confronto eleitoral, por falta de fichas para decidir o jogo a seu favor, daí o desabafo formulado em Campina Grande que deverá ter desdobramentos após o Carnaval.
Por Nonato Guedes