De Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Fernando Collor de Melo (PTC), passando por Ciro Gomes (PDT) a Manuela DAvilla, do PCdoB, a corrida presidencial de 2018 já conta com duas dezenas de postulantes, praticamente igualando-se à de 1989, quando 22 candidatos participaram daquela que foi a primeira eleição direta ao Planalto depois do fim do regime militar instaurado em 1964. Naquela eleição, deu Collor contra Lula no segundo turno, mas logo em 1992 o presidente eleito foi afastado do cargo mediante impeachment que apurou irregularidades e conexões com o esquema PC Farias, montado pelo ex-tesoureiro de campanha do vitorioso depois da chegada ao poder. Os concorrentes de agora pleiteiam a sucessão do presidente Michel Temer (MDB), que assumiu como vice de Dilma Rousseff (PT) quando foi decretado o impeachment dela por irregularidades administrativas.
Para 2018 nem todos os nomes apontados ou auto-apresentados até agora têm a certeza de que vão prosperar na disputa. O ex-presidente Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto, foi condenado duas vezes por causa do tríplex do Guarujá, em São Paulo, que teria sido financiado pela construtora OAS. Lula foi condenado inicialmente pelo juiz Sergio Moro e, na sequência, por três juízes que compõem o Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, que identificaram, mais do que indícios, provas concretas de envolvimento dele em atos de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O prazo para a apresentação de embargos de declaração pela defesa de Lula começou a vigorar e, teoricamente, ele deverá ser considerado inelegível, mas os seus defensores e o PT não concebem a disputa sem a sua participação e estão se mobilizando para denunciar que o pleito será ilegítimo se Lula não puder concorrer.
O cientista político Pedro Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ressalta que alguns dos prováveis candidatos figura, ainda, o apresentador de televisão Luciano Huck, da Rede Globo, não têm visibilidade eleitoral mas acabam aparecendo com suas atividades um tanto folclórica. As eleições de 1989 e 2018 têm uma relação no que se refere à possibilidade de muitas candidaturas, mas a conjuntura política é muito diferente, enfatiza ele. Haverá candidatos para todos os gostos, de banqueiros a líderes sem teto, bombeiro e cirurgião plástico que mora nos EUA. O bloco dos novatos, formado por aqueles que nunca concorreram ao Executivo tem como o mais inusitado representante o médico Dr. Roberto Rey, mais conhecido como Dr. Hollywood devido às cirurgias plásticas que já fez em diversas celebridades. A ex-apresentadora de televisão Valéria Monteiro (PMN) prega a licença-maternidade de três anos e isenção de Imposto de Renda para quem ganha menos de R$ 3.700. Uma candidatura ainda indefinida é a do ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, relator do mensalão, que é cortejado por próceres do PSB.
Nonato Guedes, com O Globo