A decisão tomada, ontem, pelo Superior Tribunal de Justiça, rejeitando por unanimidade o habeas-corpjus preventivo impetrado pela defesa do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva com vistas a evitar uma iminente prisão sua, redobrou a pressão do advogado dele e da cúpula petista junto ao Supremo Tribunal Federal, que poderá salvar Lula da cela após decisões tomadas no âmbito da segunda instância judicial. Antes mesmo da decisão do STJ, que não causou surpresa entre petistas, os adeptos de Lula vinham fazendo gestões junto à presidente do Supremo, Cármen Lúcia, para persuadi-la a pautar a rediscussão da prisão em segunda instância e, assim, evitar a prisão de Lula.
De acordo com a revista Istoé, a romaria ao Supremo é comandada por petistas que tiveram peso decisivo na nomeação de alguns ministros da Corte, como os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Jaques Wagner, o deputado Vicente Cândido e o ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho. O Supremo já se manifestou três vezes sobre a questão, e em todas as ocasiões prevaleceu o entendimento de que a prisão é possível após o término do julgamento em segunda instância. Na última vez, em novembro de 2016, o placar registrou 6 votos a 5. A atual operação desencadeada pelos petistas já teria revertido votos outrora contrários ao ex-presidente no tribunal. Interlocutores de Cármen Lúcia dão como certo, por exemplo, que o ministro Gilmar Mendes é um dos que teriam mudado de posição em benefício do ex-mandatário.
O PT não apenas quer evitar a prisão do seu líder maior, pelo estigma que isto representaria para a sua carreira política, como se move taticamente para assegurar o registro de uma virtual candidatura do ex-presidente Lula, novamente, a presidente da República. Oficialmente, desde que eclodiram problemas no meio do caminho de Lula, o PT busca, a todo custo, segurar a sua candidatura, por ser o nome mais expressivo nos quadros partidários, embora em caráter interno outras opções sejam discutidas. A estratégia para seduzir o Supremo foi traçada a partir da contratação do ex-presidente do STF José Paulo Sepúlveda Pertence para conduzir a defesa de Lula. Com Pertence, aparentemente saiu de cena a tática de confronto levada ao extremo por Cristiano Zanin e equipe, emergindo, em seu lugar, a articulação de quem conhece cada escaninho do STF e cultiva, como poucos, uma melíflua relação com a esmagadora maioria dos ministros da Corte, na definição da revista Istoé.
Recentemente circulou a versão de que Cármen Lúcia poderia se declarar impedida de julgar casos envolvendo Lula pela proximidade com Sepúlveda Pertence, o que não acontecerá. Seja como for, a negativa unânime do STJ, ontem, pelo habeas-corpus preventivo para o ex-presidente Lula, agitou a direção e as bases partidárias para passos decisivos que salvem a candidatura de Lula e sua própria carreira política.
Nonato Guedes