O presidente estadual do PPS, Nonato Bandeira, acabou confessando, de forma subliminar, que a legenda é uma espécie de satélite do PSB ou, mais precisamente, da liderança pessoal do governador Ricardo Coutinho, de quem Nonato é Chefe de Gabinete. Ao comentar as especulações de que o deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, filho do senador Cássio Cunha Lima, poderia ingressar no PPS mediante gestão da direção nacional, o dirigente estadual frisou desconhecer tratativas para essa migração e condicionou como um dos fatores para a aceitação de filiados nas hostes do PPS o compromisso deles com o projeto do governador Ricardo Coutinho, que estará representado na campanha eleitoral pela candidatura do secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo.
A filiação de Pedro no PPS não foi confirmada, nem por ele nem pelo presidente estadual do PSDB, Ruy Carneiro. Pedro explicou que é integrante de um movimento na Câmara que busca ocupar espaços na política, reformando o Estado e diminuindo o custo da máquina política que, a seu ver, é extremamente oneroso para o cidadão comum. Quem faz parte desse movimento fica querendo estimular novas possibilidades e o PPS talvez fosse um partido capaz de aglutinar esse pensamento. Mas não há gestões concretas para a migração, salientou Pedro. Entre as iniciativas que já formulou no seu mandato, o deputado propôs limites para o uso de carros oficiais, respeito ao teto salarial e questionou vantagens que são pagas indevidamente nos três Poderes. Mas asseverou que em nenhum momento conversou com o presidente nacional Roberto Freire sobre filiação à legenda.
Nonato Bandeira foi vice-prefeito de João Pessoa na primeira gestão de Luciano Cartaxo, mas dele se afastou na campanha à reeleição, pavimentando o terreno para se reaproximar do governador Ricardo Coutinho, de quem foi auxiliar quando este ocupou a prefeitura da Capital e quando exerceu pela primeira vez o governo do Estado. Contemplado com a chefia de Gabinete do governador, atualmente, Bandeira tem cogitado a hipótese de sair candidato a deputado federal nas eleições de outubro. De forma enfática, ele assim se posicionou diante de eventuais adesões:
– Quem quiser entrar no PPS não terá dificuldades ou problemas, desde que siga as diretrizes do partido. Se ele (o deputado Pedro Cunha Lima) quiser apoiar a candidatura de João Azevedo e aderir à base de Ricardo, será bem-vindo para engrossar esse projeto.
Pedro opera politicamente em articulação com seu pai, o senador Cássio Cunha Lima, vice-presidente do Senado Federal e figura de expressão nacional do PSDB. Cássio já foi aliado de Ricardo Coutinho na campanha de 2010, mas a relação entre eles foi fraturada e deu-se o rompimento. Em 2014, Cássio e Ricardo enfrentaram-se na disputa pelo governo do Estado, com Coutinho pleiteando a reeleição. O socialista saiu vitorioso da contenda. Nas atuais articulações para o pleito de outubro, o nome de Cássio tem sido ventilado como alternativa ao governo dentro do PSDB mas pessoalmente ele se diz interessado em concorrer à reeleição ao Senado.
Nonato Guedes