As últimas informações confirmam que está na pauta de amanhã do Tribunal Superior Eleitoral em Brasília o primeiro julgamento da ação que pede a cassação do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB). Trata-se da denominada Aije Fiscal, Ação de Investigação Judicial Eleitoral que apura o uso da máquina pública na campanha de 2014, quando Coutinho foi reeleito ao Executivo, derrotando o senador Cássio Cunha Lima, do PSDB. O parecer do Ministério Público Eleitoral é pela cassação do mandato de Ricardo, que teria concedido isenção de taxas do Detran e outros benefícios fiscais com o objetivo de conseguir sua recondução ao Palácio da Redenção.
O governador tem feito declarações confiantes quanto ao desfecho do julgamento da Aije e imputando gestos de desespero a adversários políticos que, segundo ele, querem ganhar no tapetão porque não têm convicção de que pelo voto continuarão a ser bafejados pelos eleitores. Coutinho disse que há um sentimento de exaustão quanto ao predomínio de lideranças políticas que estão em evidência há bastante tempo no Estado e que enraizaram intimamente a cultura do apego ao poder, tanto assim que se recusam a abrir ou dividir espaço com lideranças políticas emergentes. Trata-se, conforme o governador, do reflexo de uma mentalidade clientelista que ainda resiste no cenário paraibano, a despeito de mudanças verificadas, pontualmente, em eleições recentes.
Ricardo tem alimentado controvérsias sobre a hipótese de desincompatibilizar ou não do governo para concorrer a um mandato de senador. Até agora, sua estratégia continua sendo a de afirmar que considera mais importante o futuro do Estado, a partir da continuidade de programas empreendidos nas duas gestões que tem empalmado desde 2011. Não tenho essa ambição de estar postulando cargos. Meu compromisso é com o crédito de confiança que me foi dado para mudar a Paraíba, e é fora de dúvidas que avançamos substancialmente, salientou o gestor estadual. Ele aposta fichas na candidatura do seu secretário de Recursos Hídricos e Infraestrutura, João Azevedo, à sua sucessão, destacando a competência técnica-administrativa do auxiliar, o acompanhamento que ele tem tido da realidade da máquina e a identificação plena com os projetos que foram deflagrados sob o reinado de Ricardo Coutinho.
Entre adversários do governador, há ceticismo quanto às chances dele transferir votos suficientes para eleger o secretário João Azevedo à sua sucessão. Além de não ter disputado nenhum cargo eletivo até agora, João Azevedo sofre restrições de aliados ricardistas por suposta falta de jogo de cintura política no trato com as lideranças municipais. No que diz respeito à dificuldade de transferência de votos por parte do governador, são mencionados os casos de duas eleições consecutivas à prefeitura de João Pessoa as de 2012 e 2016. Na primeira, Ricardo oficializou a candidatura da jornalista Estelizabel Bezerra, atual deputada estadual, que não foi para o segundo turno, disputado entre Luciano Cartaxo e Cícero Lucena, com a vitória do primeiro. Em 2016, Luciano Cartaxo foi reeleito já no primeiro turno, tendo como vice o ex-deputado federal Manoel Júnior, do MDB, e derrotando a principal adversária Cida Ramos, do PSB, lançada pelo governador Ricardo Coutinho. Esses dois episódios acendem o alarme nas hostes socialistas quando a projeção diz respeito às eleições ao governo em 2018.
Nonato Guedes