A mídia sulista informa que o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, foi um dos expoentes do PSB a rechaçar uma virtual candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a presidente da República pela legenda, alegando conflitos regionais suscitados pela sucessão presidencial, o que poderia prejudicar composições a nível de pleito nos Estados. Ricardo é partidário da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e em contrapartida espera contar com o apoio do petismo paraibano ao pré-candidato ao governo pelo oficialismo, João Azevedo, secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos.
Não obstante o ex-presidente Lula tenha sido condenado, em Curitiba, pelo juiz Sérgio Moro, e em Porto Alegre, por três juízes do Tribunal Regional Federal, que, inclusive, elevaram sua pena para doze anos, o governador paraibano mantém a confiança em que Lula obterá o registro como candidato ao Planalto. A nível nacional, essa tese tem sido alimentada pela senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, primeira mulher a dirigir os destinos da agremiação, que tem feito uma espécie de terrorismo psicológico junto a ministros e juízes ou desembargadores no sentido de que não afrontem a voz das ruas negando a Lula o direito de se candidatar novamente ao Planalto.
O ex-presidente, por sua vez, tem dito que se vier a ser preso, passará a se considerar um preso político, salientando que não há provas nem indícios de que ele tenha roubado dinheiro público, conforme as acusações que lhe são formuladas, inquinando-o, ainda, de lavagem de dinheiro. O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, que foi filiado ao PT no início da sua carreira e deixou a sigla sentindo-se perseguido e boicotado no direito de se candidatar a prefeito de João Pessoa, inicialmente em 2004, reatou laços com o petismo nos últimos anos, tornando-se anfitrião, na Paraíba, dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, convidados para uma cerimônia informal de chegada das águas da transposição do rio São Francisco, no Estado. Ricardo fez pouco caso de uma solenidade oficial com a presença do presidente Michel Temer e usou a palavra, na presença deste, para elogiar Lula.
Um fato curioso em relação a Joaquim Barbosa: quando ministro do Supremo Tribunal Federal, ele foi relator do processo movido contra o ex-governador Ronaldo Cunha Lima, por tiros disparados contra o ex-governador Tarcísio Burity no restaurante Gulliver, na Capital paraibana. Barbosa emitira sinais de que pediria pena contra Ronaldo, quando a Justiça de Brasília opinou pela devolução do processo aa instâncias judiciais menores na Paraíba. Posteriormente, Joaquim Barbosa tentou se vingar de Ronaldo que lhe escapara no filho Cássio Cunha Lima, expendendo opinião pela cassação do mandato deste em razão de suposto abuso da máquina administrativa. Hoje, Barbosa se vê na contingência de ser vetado no PSB como candidato a presidente da República pelo governador paraibano Ricardo Coutinho, que foi aliado e depois se tornou adversário ferrenho de Cássio Cunha Lima e do clã campinense do PSDB.
Nonato Guedes