Entre os dias 9 e 17 de agosto ocorrerão em duas emissoras de televisão os primeiros debates entre presidenciáveis, mediados por jornalistas dos veículos de comunicação. Cumprindo uma tradição que se repete praticamente desde a redemocratização que se seguiu à ditadura militar, a TV Bandeirantes terá o jornalista Ricardo Boechat como mediador enquanto a Rede TV! Contará com a atuação de Boris Casoy, que dividirá bancada com outros apresentadores da emissora.
Os debates na televisão são aguardados com expectativa pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, para quebrar o que seus defensores chamam de isolamento a que ele está sendo submetido em emissoras de televisão, sobretudo a Rede Globo. Ainda hoje, Lula está no Rio Grande do Sul, como parte das Caravanas que idealizou encetar por diversas capitais e centros urbanos estratégicos a pretexto de debater problemas nacionais e oferecer suas alternativas para que a crise seja debelada. Não obstante, Lula não tem merecido maiores espaços nos meios de comunicação de massa, que preferem destacar as notícias referentes à sua condenação em segunda instância da Justiça.
Lula tem procurado furar o bloqueio imposto por uma parte da mídia participando de debates e agendando eventos públicos onde possa ter sua imagem massificada. Ele tem se queixado de que está sendo perseguido pela Justiça e já advertiu que se vier a ser detido se considerará um preso político. Este é o enredo que Lula vende nos debates realizados no Brasil, a que comparece, e nas entrevistas concedidas a órgãos de imprensa do exterior. A sua argumentação é centrada na denúncia do que qualifica de golpe político que teria sido perpetrado contra a ex-presidente Dilma Rousseff no início do seu segundo mandato. Os ataques à Justiça Eleitoral tomam por base o fato de que o TSE não cassou o vice-presidente Michel Temer, do MDB, que, pelo contrário, ascendeu à titularidade com o impeachment de Rousseff.
O ministro paraibano Herman Benjamin, ao relatar processo no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, chegou a pedir explicitamente a cassação da chapa Dilma-Temer, por entender que tanto a candidata a presidente da República como o seu vice foram sócios numa empreitada de corrupção, de acordo com fatos comprovados em investigação referente ao período de 2014. Na ocasião, Dilma derrotou nas urnas o senador por Minas Gerais Aécio Neves, do PSDB, que é mencionado em processos sobre delitos.
O ponto de vista de Benjamin não foi acolhido pela maioria da Corte e manteve-se apenas a cassação de Dilma Rousseff, sem perda de direitos políticos. Os adversários de Lula afirmam que ele busca se vitimizar no processo para sensibilizar parcelas do eleitorado e, desta forma, pavimentar um possível retorno ao Palácio do Planalto. Mas a inelegibilidade de Lula pode vir a ser decretada com a efetivação de sua prisão, que seria iminente, conforme as versões de Brasília. A cúpula nacional do PT decidiu não lançar nome-substituto para a disputa a presidente da República, insistindo em que Lula é o único Plano de que a sigla dispõe para a batalha das urnas.
Nas últimas horas, em São Paulo, a candidatura do governador Geraldo Alckmin a presidente da República se fortaleceu no PSDB com a decisão do prefeito da Capital, João Doria, de ser candidato a governador. A corrida eleitoral conta com outros nomes, inclusive, de figuras polêmicas, como o deputado Jair Messias Bolsonaro, o ex-ministro Ciro Gomes, o senador Álvaro Dias e o deputado Rodrigo Maia, do Democratas, presidente da Câmara Federal.
Nonato Guedes