Foi em meio a confusões, focos de conflito e atos de hostilidade que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encerrou, ontem, a caravana pela democracia realizada por Estados do Sul. Ao longo do dia, uma carreata contra o petista percorreu a cidade com gritos hostis a ele. Já a manifestação pró-Lula ocorreu no centro, em frente à Universidade Federal do Paraná, cujas escadas ficaram lotadas. A mobilização aconteceu um dia após o registro de tiros que atingiram ônibus que serviam à caravana. Durante toda a quarta-feira, diversas autoridades manifestaram-se sobre os episódios verificados na noite da terça-feira. Os ataques foram condenados pelos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (MDB-CE), que também condenaram ameaças de morte contra o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato e familiares seus.
Em entrevista à BandNews de Vitória-ES, o presidente Michel Temer disse que o ato é lamentável e que isso gera clima de instabilidade. A ex-presidente Dilma Rousseff lamentou os disparos efetuados contra ônibus da comitiva. Ao longo desta caravana, enfrentamos uma das mais graves manifestações de fascistas, ressaltou Dilma. Deputados petistas pediram a federalização das investigações sobre o ataque a tiros contra a caravana do ex-presidente. Os parlamentares afirmaram que pedirão à Procuradoria Geral da República investigação rápida do caso e também disseram estudar medidas contra colegas que, segundo eles, incitam ações como as de terça-feira. No palanque de ontem, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cotado como Plano B do PT à Presidência em caso de inelegibilidade de Lula, reforçou a necessidade de unidade. O pré-candidato do PSDB a presidente Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, doze horas depois de dizer que os petistas estão colhendo o que plantaram, com o ataque a tiros à caravana de Lula, modulou o discurso e publicou nas redes sociais que toda forma de violência tem que ser condenada. É papel das autoridades apurar e punir os tiros contra a caravana do PT, frisou o governador paulista.
No Congresso Nacional, parlamentares oposicionistas anunciaram estar cogitando denunciar a senadora Ana Amélia, do PP-RS, ao Conselho de Ética, por suposta incitação à violência. Durante convenção regional do PP, a senadora assim se manifestou a respeito dos incidentes: Botaram para correr aquele povo que foi lá levando um condenado, se queixando da democracia. O senador Lindbergh Farias, do PT do Rio de Janeiro, classificou como asqueroso o discurso da colega. O nome disso é fascismo, reagiu Lindbergh Farias. Ana Amélia correu à tribuna do Senado para se defender: Tentar transformar isso numa situação diferente do que ela significou é usar de má-fé, para tentar colar em mim a pecha de uma pessoa radical.
Nonato Guedes, com agências