A vereadora Raíssa Lacerda abriu polêmica com a cúpula do PSD no Estado, presidida pelo deputado federal Rômulo Gouveia, e ontem admitiu a possibilidade de migrar para outro partido, possivelmente o MDB do senador José Maranhão. Raíssa queixou-se que foi mal interpretada e desconsiderada por Rômulo por ter apregoado que passaria a ser a presidente do diretório municipal em João Pessoa, diante do desligamento de Lucélio Cartaxo, que migrou para o Partido Verde. Rômulo rebateu que a presidência da agremiação será escolhida em comum acordo com os filiados.
Raíssa explicou ter se manifestado com base na lógica e na lei vigente. Como o presidente Lucélio Cartaxo se desligou e hoje está em outro partido, na condição de vice cabe-me automaticamente ascender ao comando da legenda. Mas eu não tenho pretensão de impor nada e a esta altura, com toda a confusão reinante, não posso assegurar que vá permanecer no PSD, expressou a vereadora. Filha do ex-vice-governador e ex-deputado estadual José Lacerda Neto, Raíssa frisou que sua relação com o deputado Rômulo Gouveia e com o próprio PSD é positiva, mas que agora não teria mais entusiasmo para dirigir a agremiação na Capital, ainda que fosse convidada.
A vereadora está se estruturando para ser candidata a deputada estadual nas próximas eleições, pois se considera herdeira legítima do pai, José Lacerda, que ocupou o mandato na Assembleia por inúmeras legislaturas, batendo recorde de longevidade no exercício da deputação estadual. Raíssa observa que ingressou na atividade política para reforçar e dar continuidade ao trabalho do pai, que se credenciou, conforme ela, no papel de líder político atuante e defensor das classes menos favorecidas, a partir de São José de Piranhas, Sertão da Paraíba e reduto do clã.
Um levantamento do site Congresso Em Foco apontou que desde o início oficial da chamada janela partidária, no dia oito de março, pelo menos 38 parlamentares federais já trocaram de partido, entre os quais apenas um paraibano André Amaral, do MDB, chegou a ser anunciado como reforço do PRB mas não confirmou a mudança de casa. Amaral ascendeu à deputação na condição de suplente, na vaga de Manoel Júnior, que renunciou para ser vice-prefeito de João Pessoa na segunda gestão de Luciano Cartaxo. Em um ano eleitoral como o que se prenuncia, pelo menos outros sete parlamentares federais avaliam mudança de sigla e adiam a decisão para as últimas horas. De acordo com a legislação vigente, os parlamentares podem aderir ao troca-troca partidário sem o risco de perder o mandato entre 8 de março e 7 de abril. Na prática, o que o levantamento demonstra é que são quase duas trocas de partidos por dia desde que o prazo foi aberto.
Nonato Guedes