Há exatamente um ano morria o humorista Cristovam Tadeu. Uma missa foi celebrada na manhã de hoje na Igreja Nossa Senhora Aparecida, no 13 de maio.
A jornalista Ruth Avelino, amiga de Cristovam, usou as redes sociais para registrar a data. “Há exatamente um ano partiu um dos maiores companheiros que a vida me deu! Ele viveu intensamente, alegrou muita gente e entristeceu algumas, na sua trajetória. Meu compadre querido Cristovam Tadeu, perder vc foi duro demais! Ainda tive outras perdas grandes esses dias, mas Deus sabe de todas as coisas! Te amo”, postou ela.
Outro amigo dele, o humorista Marcelo Piancó, escreveu que fazer Cristovam rir era sua meta diária.
Veja abaixo a postagem:
Mago bora se encontrar? Sempre começava assim nosso papo pelo telefone e do outro lado sempre ouvia essa frase, – Oxe, bora gordinho!
Quando a gente se conheceu não existia celular, não havia mídias digitais e outras tantas modernidades. O nosso Facebook era o Travessia, onde curtíamos e compartilhávamos . O nosso Whatsapp era a lanchonete Rango, onde conversávamos em grupos ou no privado. Ao me ver com um violão no Bar da Barreira nos idos 1984, ele me puxou pro palco com tanta força que acabei entrando na alma dele e ele na minha, era o mau humorado mais genial que já existiu, o rei da ironia, mas não confundam mau humor com falta de humor, pois isso ele tinha pra dar e vender e dava mais do que vendia. Pois bem, viramos uma espécie de time de dois, uma equipe que tanto jogava completa ou meio desfalcada. Tanto que quando os fãs me encontravam na rua a primeira pergunta era, cadê Cristovam? E quando encontravam com ele a coisa se invertia, a pergunta era, cadê Piancó? E ele sempre respondia com seu costumeiro cavalheirismo de capoeira: -sei lá, eu não sou casado com ele!
Passamos muitas e boas. Shows memoráveis, outros nem tanto, viagens incríveis, farras homéricas e franciscanas também. Fazê-lo rir era um desafio que me impulsionava. Ele se deleitava com algumas tiradas ingênuas, isso se agravou quando fazíamos Radiozona. Esse foi um período que o olho dele brilhava sempre, a sintonia do coração dele com a Radiozona era tanta que me arrisco a dizer aqui que dentre as suas grandes paixões, que não foram poucas, a maior foi a Radiozona. Nunca houve um programa como este, ele dizia orgulhoso em nossas reuniões de pauta sem pauta e sem freio no fiteiro de Seu Flávio ou na reunião de pós-produção na Feijoada do Bigode. Ele amou a Radiozona intensamente, se entregou a ela como jamais, tanto que o desejo da volta o acompanhou pelo resto da vida, talvez o desejo da volta só fosse menor que a alegria de ter vivido tudo isso. E neste programa toda vez que arrancava crises de risos dele era como se eu tivesse recebido o Prêmio Nobel da alegria. Quantas gargalhadas ele dava com as respostas inusitadas do Balai Banha e das próprias tiradas inusitadas que ele mesmo fazia na voz do Bisavô do Rock Ariano. Fazer Cristovam rir era minha meta diária, mas ele me fazia muito mais bem, ele me fazia feliz, me fazia acreditar no riso. Não esqueço da risada dele quando olhei para a panela do Bigode e falei, hoje é feijão carioquinha. E ele, como sempre fazia na Radiozana, botou a escada:
-Como você sabe que é carioquinha?
– É que a panela tá chiando muito.
Então ele soltava um rá, rá,rá, recheado por um “tu é foda gordinho.”
Quando o nosso amigo Bigode deixou o Terceirão, foi a vez dele me brindar com uma pérola dizendo: “o Terceirão sem Bigode ficou irreconhecível”.
Eita Mago velho, quantas vezes botamos o pé na areia juntos, quantos palcos juntos, no nosso caso a gente nunca dividiu o palco, a gente só somava. E eu tão único me deliciava com a sua multiplicidade. Sua suassunidade caetânica com toques de carvalheira enramalhada no puro talento. Vou continuar levando o nosso time meio desfalcado até o fim do último campeonato, afinal a gente ganha pra jogar pra galera. E enfim, quando eu passar pelo centro da cidade, aquele lugar tão seu Mago, e alguém me perguntar, cadê Cristovam? Responderei com saudade e alegria, está aqui dentro de mim.