O governador da Paraíba (PSB) está entre os gestores do Nordeste interessados em fazer uma visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba depois de ter tido sua condenação decretada pelo juiz Sérgio Moro e endossada no Judiciário por lavagem de dinheiro e suposta prática de atos de corrupção. Ricardo, que já foi do PT e saiu da sigla porque não obteve indicação para candidato a prefeito de João Pessoa, ciceroneou Lula numa visita informal às águas da transposição do rio São Francisco em regiões do Estado. Na ocasião, Lula se fez acompanhar da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ricardo emitiu declarações deplorando a prisão de Lula e qualificando o ato de insensato e absurdo. O governador paraibano não será candidato a cargo eletivo este ano, embora fosse bem cogitado para a disputa ao Senado. Ele anunciou ter preferido permanecer no exercício do mandato até o último dia e avisou que participará da campanha para tentar eleger o seu ex-secretário João Azevedo ao Palácio da Redenção. A visita dos governadores a Lula foi proposta pelo governador do Ceará, Camilo Santana, do PT, mas a confirmação depende de negociações com a Polícia Federal sobre as regras a que Lula está sujeito como detento.
Há uma espécie de romaria à capital do Paraná, a pretexto de manifestação pessoal de solidariedade ao ex-presidente, por parte de petistas e ativistas de outros partidos de esquerda, bem como advogados e militantes de movimentos sociais. A mídia sulista destaca que Lula já escolheu a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, como sua interlocutora nessa fase da detenção, a fim de evitar confronto de declarações. O partido discute, informalmente, a questão da candidatura à presidência da República este ano, examinando dois cenários; o atual, em que Lula está preso, e um outro em que ele é considerado inelegível por causa da condenação imposta. Gleisi Hoffmann tem repetido com ênfase que não há Plano B dentro do Partido dos Trabalhadores e que a sigla está focada exclusivamente na candidatura de Lula. O partido não tem quadros de estatura ou dimensão da de Lula e o receio de líderes e dirigentes é que, sem avanço na definição, outros partidos de esquerda venham a capitalizar espaços.
Quando ainda estava em São Paulo, no Sindicato dos Metalúrgicos, Lula sinalizou um provável apoio do PT a Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto, contudo, não há consenso em relação ao tema. Em Curitiba, houve incidente entre um eleitor de Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República, e a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, Manuela DAvilla, que foi lançada pelo PCdoB como sua candidatura ao Planalto nas eleições vindouras. Os advogados do ex-presidente têm sido informados pela Polícia Federal de que Lula está bem, a despeito do confronto que fixou com autoridades ao resistir à ordem de prisão no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista. Os petistas avaliam alternativas para preservar a penetração da legenda no Nordeste, de onde Lula saiu com a família para São Paulo. A expectativa é de que surjam soluções legais que possibilitem a Lula sair da prisão a que está recolhido.
Nonato Guedes, com agências