O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), afirmou, ontem, em Curitiba, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o melhor governante que o Brasil já teve e considerou que ele sofre um processo inexplicável por ter sido condenado com a Justiça dizendo que não tinha provas para incriminá-lo. É, indiscutivelmente, um preso político, comentou Ricardo, que foi impedido, junto com outros governadores, de visitar Lula na sede da Polícia Federal na capital do Paraná, onde ele está recolhido em cumprimento a condenação de 12 anos. A Justiça Federal do Paraná negou o pedido para que o ex-presidente pudesse receber visitas ontem. A decisão foi tomada pela juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal do petista.
Lula esperava receber a visita de uma comitiva de governadores de onze Estados, inclusive o da Paraíba, que o recepcionou quando da chegada das águas da transposição do rio São Francisco. Os presos que estão na PF de Curitiba recebem visitas às quartas-feiras. Apenas os advogados dispõem de permissão para visitá-los em outros dias. O juiz Sérgio Moro, que decretou a condenação e prisão de Lula, já havia dito que o ex-presidente não teria privilégio no recebimento de visitas. Lebbos reiterou a decisão de Moro. Com efeito, não há fundamento para a flexibilização geral do regime de visitas próprio à carceragem da Polícia Federal, enfatizou ela.
Dirigentes do PT, advogados e líderes políticos afinados com Lula continuam empenhados em conseguir abreviar a sua detenção em Curitiba. A estratégia faz parte de um movimento para tornar Lula elegível nas eleições presidenciais de outubro. O PT não se preocupa em examinar alternativas para o preenchimento da chapa por avaliar que Lula é o único candidato com condições de vencer o páreo. Juridicamente, a situação dele não é favorável, diante dos inúmeros processos a que tm de responder. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, senadora pelo Paraná, contudo, é confiante numa reversão de cenários, mediante mobilização popular, como deixa transparecer. Ontem, circulou a versão de que agentes e delegados da Polícia Federal qualificaram como afronta a declaração do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, de que ele só iria se apresentar às autoridades depois de almoçar e repousar no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), onde montou um bunker para resistir à ordem de prisão.
Okamoto, da confiança integral de Lula, foi o negociador no processo de apresentação do ex-presidente da República para o cumprimento da pena. O prazo para Lula se entregar havia expirado 20 horas antes quando Okamoto mandou o aviso à turma de negociação da PF. Foi esse um dos motivos que fizeram a Polícia Federal fazer uma elegante retaliação: em vez de jatinho, Lula foi sacolejando num monomotor por 1h50 até Curitiba. Ontem, o presidente do Centro de Estudos Celso Furtado, ex-senador petista Saturnino Braga (RJ) afirmou que já era esperada a prisão do ex-presidente Lula. E alfinetou o juiz Sérgio Moro, por ele apontado como agente da matriz americana.
Nonato Guedes