Repercutiu nos meios políticos e jurídicos a notícia da morte, nesta segunda-feira, do ex-deputado federal e ex-ministro do Superior Tribunal Militar José Luiz Clerot. O sepultamento foi marcado para Brasília, onde ele residia. Clerot tinha 82 anos de idade e sofria de problemas coronários resultantes de diabetes. Ele foi eleito em 1991 pelo ex-PMDB, presidido pelo senador Humberto Lucena, e era amigo do ex-presidente da República, José Sarney, a quem defendeu no episódio da transferência do seu domicílio eleitoral do Maranhão para o Amapá a fim de disputar novamente uma cadeira no Congresso Nacional. José Luiz Barbosa Ramalho Clerot era natural de Mamanguape, onde nasceu a nove de março de 1936. Exerceu o cargo de ministro entre 86 e 88, sendo logo convocado para missões legislativas.
Filho do pesquisador e grande cientista brasileiro Leon Clerot, que ofereceu contribuição valiosa ao governo de Epitácio Pessoa, ajudando a organizar, inclusive, prestigiado congresso internacional. Na Câmara, teve atuação parlamentar entre 1991 e 1995, tendo posteriormente voltado à titularidade. Seu pai, tendo ajudado em muito, entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, nos fatos que se seguiram à eclosão da revolução de 1930, foi perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas por ser comunista convicto e declarado. Sua mãe também era militante de esquerda. A família continuou sofrendo perseguições, de modo que veio parar na Paraíba, passando a residir no interior do Estado, mais precisamente em Mamanguape, onde nasceu o futuro ministro. Clerot foi o ducentésimo octogésimo primeiro ministro do STM, tendo se empossado na década de 80.
Na Câmara Federal, Clerot integrou comissões de estudos e projetos sobre reforma eleitoral e partidária, tendo sido vice-líder do PMDB. Dono de sólida cultura jurídica, Clerot pontuou sua atuação por pronunciamentos sobre assuntos gerais de interesse do País e, em particular, da Paraíba e do Nordeste. Ao chegar à Paraíba para ser candidato a deputado federal, enfrentou a pecha de paraquedista político, diante da ausência que mantinha do Estado. Mesmo assim, logrou sair vitorioso para um mandato e não decepcionou em sua atuação, oferecendo, pelo contrário, enorme contributo à vida pública brasileira como um todo. Ele chegou a ser cogitado para vice de Antônio Mariz, quando da formação da chapa deste ao governo do Estado para a eleição de 94. O nome escolhido dentro do ex-PMDB acabou sendo o do então deputado federal José Maranhão.
Nonato Guedes