Diante dos protestos do presidente da OAB-PB, Paulo Maia, e de outras entidades e segmentos da cidade, formandos do Curso de Direito da Universidade Federal de Campina Grande, do campus de Sousa, divulgaram nota retratando-se do que consideraram ingenuidade e alegando que não pretendiam publicizar uma conotação negativa da imagem da mulher. A foto foi veiculada no final de semana, por ocasião da comemoração da reta final do curso. Os homens fazem um gesto obsceno que sugere o órgão genital feminino e o post foi considerado misógino, atraindo a reação imediata de diretórios de representação estudantil, da própria Universidade e da OAB.
Na nota divulgada em meio às críticas, os estudantes argumentaram que a imagem era apenas uma brincadeira em alusão a gesto difundido no meio futebolístico e praticado, outrora, por jogadores como Ronaldinho Gaúcho e Neymar. De fato, após diversas críticas, percebemos que fomos de certo modo ingênuos ao não perceber que tal imagem poderia trazer uma conotação negativa da imagem da mulher. Concordamos com muitas críticas e concluímos que nosso ato foi inapropriado e reprovável. Muitas críticas foram justas e nos ajudaram a reconhecer nosso erro, excluindo a publicação e pedindo desculpas públicas em nossas redes sociais. Entretanto, gostaríamos de frisar que estamos sendo alvos de críticas ou imputações que fogem da realidade na qual vivemos e praticamos, bem como da nossa personalidade. Quem nos conhece, sabe do nosso compromisso e respeito para com o próximo, em especial a mulher e com a nossa instituição, UFCG, com a OAB e a sociedade em geral. Como estudantes, cidadãos ou futuros profissionais do Direito, somos mais do que tudo seres humanos, suscetíveis a erros. Portanto, reiteramos nosso pedido de desculpas e aproveitamos o ensejo para pedir a compreensão de todos neste momento delicado, ressalta a nota.
A direção do Centro de Ciências Jurídicas e Sociais considerou a publicação um lamentável episódio de exposição e afirmou que o fato será devidamente apurado, adotando-se, oportunamente, para os que cometeram os atos reprováveis, as medidas administrativas que se aplicam ao caso, conforme preceituam as normas constitucionais e institucionais. O presidente da seccional paraibana da Ordem dos Advogados do Brasil, Paulo Maia, repudiou a publicação e advertiu que é preciso mais do que apenas a aprovação no exame da Ordem para operar com ética. Não podemos assistir pacificamente a um ato de sexualização da imagem feminina, que afronta as mulheres de um modo geral e não só às advogadas com gestos obscenos relacionados à anatomia do seu sistema reprodutor.
Atualmente, os quadros da OAB são compostos por 42% de mulheres que dignificam a advocacia, as quais exercem seu múnus público com destemor, independência, decoro e dignidade. A luta pelo respeito e valorização das advogadas é uma bandeira levantada desde o meu primeiro dia à frente da Ordem que representa advogados e advogadas, em todo o Estado da Paraíba, salientou Paulo Maia. O Diretório Acadêmico Antonio Mariz também se posicionou contra a publicação. Em nome dos estudantes do curso de Direito da UFCG, bem como do movimento estudantil, endereçamos publicamente nossa indignação e a nossa exigência à coordenação do curso e à direção do Centro para que as providências sejam tomadas, revelou Paulo César Batista, representante estudantil.