O lançamento, por parte de famílias tradicionais, de membros dos seus quadros, para concorrer a mandatos políticos como governador, senador, deputado federal e estadual, pela Paraíba, é destaque na mídia, sobretudo porque a proliferação de parentes é maior na disputa eleitoral deste ano, a começar pelo candidato do PV ao governo, Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo e substituto deste no páreo, já que Luciano desistiu agastado com a desunião das oposições. Uma matéria do Correio da Paraíba, assinada por Adelson Barbosa dos Santos, na edição de hoje, relaciona inúmeras duplas familiares que se candidatarão em outubro. Um dos exemplos é o de Wilson Santiago, do PTB. Pai e filho estarão em ação na campanha o primeiro se articula para o Senado, o segundo sai para federal. Casos de marido e mulher? Temos. O deputado federal Damião Feliciano (PDT) vai disputar a reeleição e a esposa, Lígia Feliciano, atual vice-governadora, concorrerá à sucessão de Ricardo Coutinho no Palácio da Redenção.
Para analistas políticos, o predomínio da parentela nas disputas eleitorais tem sido recorrente na crônica política da Paraíba. Alertam, entretanto, que este ano a incidência é maior, em todos os partidos, indistintamente. A matéria insinua que são mais de 40 casos de pai e filho, marido e mulher, tio e sobrinho, irmãos, primos e outros que estão em plena campanha. Os irmãos Cartaxo poderão cometer uma façanha política, se Lucélio vier a ser eleito governador do Estado. Pela primeira vez, dois irmãos administrarão, simultaneamente, o Estado e a prefeitura da Capital. A família Cunha Lima, que de há muito espalha integrantes em disputas eleitorais, volta a frequentar o noticiário, com o senador Cássio disputando a reeleição e o filho Pedro concorrendo à reeleição para deputado federal.
Entre João Pessoa, Campina Grande e Sousa, três membros da família Gadelha já estão em cena: o ex-deputado federal Leonardo Gadelha planeja voltar à Câmara em dobradinha com o tio Renato,que já é deputado estadual, e com o apoio de outro tio, Dalton, que mira o Senado. Em Patos, pai e filho estão na disputa. O deputado estadual Nabor Wanderley é pai do deputado federal Hugo Motta, ambos filiados, agora, ao PRB. Os dois vão para a reeleição, dando combate à máquina administrativa da prefeitura, hoje sob o comando do primo Dinaldo Wanderley Filho. Sem território definido, outra dupla de pai e filho tentará se manter no poder a partir de 2019: Wellington e Caio Roberto, respectivamente, deputados federal e estadual, ambos filiados ao PR. No MDB, o senador José Maranhão disputará o governo, enquanto os sobrinhos Benjamin (atual deputado federal) e Olenka (para estadual) figurarão no páreo. No PP, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro postulará a reeleição, enquanto a irmã Daniella Ribeiro deverá partir para a recondução à Assembleia Legislativa. Eles são filhos do vice-prefeito de Campina Grande e ex-deputado federal Enivaldo Ribeiro.
Há mais: o subprocurador geral da República, Eitel Santiago, vai disputar uma cadeira federal pelo Progressistas, e o seu filho, o vereador Lucas de Brito, concorrerá a um assento na Assembleia Legislativa pelo Partido Verde. Em Sousa, Inaldo Leitão (PSD) disputará vaga na Câmara Federal, fazendo dobradinha com o seu sobrinho, Felipe Leitão, para estadual. Felipe é suplente de vereador, obteve em torno de seis mil votos e não conseguiu se eleger. O historiador José Octávio de Arruda Mello, confrontado com esses arranjos políticos, observa que isto apenas comprova que em Estados como a Paraíba o familismo ainda tem muita força.
Nonato Guedes