A Polícia Federal identificou pessoas que atuaram como laranja para o prefeito de Cabedelo, Leto Viana, do PRP, que está preso, encobrir uma fortuna desviada da municipalidade. São carros de luxo, casas e terrenos. Wellington Viana e a mulher, a vereadora Jacqueline França, também presa, usaram servidores fantasmas para fins de enriquecimento, conforme consta do relatório parcial do inquérito que analisou material e documentos apreendidos no bojo da Operação Xeque-Mate, deflagrada no início de abril na cidade portuária.
O jornal Correio da Paraíba teve acesso ao relatório parcial da PF referente ao material apreendido no dia 03 de abril e que resultou na prisão de onze pessoas, incluindo o prefeito, a primeira-dama e quatro vereadores. Conforme foi constatado pela PF em inquérito presidido pelo delegado Fabiano Emídio de Lucena Martins, houve desvio de recursos e lavagem de dinheiro público por meio da contratação de funcionários-fantasmas para beneficiar diretamente os envolvidos no esquema milionário, que manipulavam os recursos que deveriam ser destinados ao pagamento dos salários dos assessores, além da emissão de cheques como forma de garantia de transações financeiras, sendo os valores dos cheques posteriormente repassados em espécie mediante a restituição de títulos e de doações de terrenos de forma fraudulenta.
Na análise efetuada em cópias de cheques que deveriam ser destinados aos pagamentos de assessores, há a citação de Jacqueline França, que a coloca no esquema de desvio de recursos de funcionários-fantasmas e os desvios nos salários de cada um para beneficiá-la, inclusive assessores vinculados aos gabinetes de outros vereadores, cujos vencimentos eram manipulados por ela. No esquema de servidores-fantasmas, a PF destaca como impressionante a quantidade de cargos com altos salários (entre R$ 5 mil e R$ 10 mil), cujo controle financeiro é exercido diretamente pelo prefeito afastado, de acordo com o que indicariam as anotações manuscritas ao lado de cada nome.
No relatório, há um capítulo específico sobre o Núcleo da Câmara de Vereadores, onde a PF apreendeu cartas-renúncias subscritas pelos vereadores José Eudes (PTB), líder da oposição, Fabiana Régis (PDT), filha do ex-prefeito José Régis, que se encontravam na casa do vereador Tércio Dornelas (PSL), um dos presos na operação, junto com uma carta dele próprio e de outros integrantes do legislativo cabedelense. O montante desviado pelo esquema ainda é alvo de investigação, mas a estimativa é que um dos operadores teria desviado mais de R$ 10 milhões por ano.