Desde a semana passada, pelo menos três casos de abusos sexuais foram registrados no campus de João Pessoa pelo Fórum de Mulheres da Universidade Federal da Paraíba, coletivo formado por estudantes, professoras e servidoras para cobrar maior investimento em políticas de proteção na maior instituição de ensino do Estado. O ambiente, conforme relatos feitos também em redes sociais, é cada vez mais hostil às mulheres. Os banheiros do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes são as áreas que mais preocupam, já que são pouco fiscalizados pela segurança da UFPB.
O jornal Correio da Paraíba revela que em visita ao local a reportagem encontrou apenas dois seguranças nos corredores que ligam CCHLA, Centro de Educação e Centro de Ciências Sociais Aplicadas, complexos que abrigam um dos maiores quantitativos de alunos de toda a universidade. Os seguranças andavam um ao lado do outro, reduzindo, assim, a abrangência da ronda. Através de sua assessoria de imprensa, a reitoria da Universidade objetou que o posicionamento deveria ser da direção do CCHLA. Em primeira instância, essas ocorrências são respondidas pela direção de Centro. Não encontramos nenhuma evidência de que houve mesmo (abuso sexual). No nível em que a coisa está, de boato, de não saber se teve ou não teve, é a direção de Centro quem responde, acrescentou a assessoria de imprensa.
Militante do Fórum de Mulheres da UFPB, a professora e pesquisadora Margarete de Almeida Nepomuceno disse que tem ouvido de perto os relatos de estudantes e professoras agredidas. As alunas nos procuraram e estamos movimentando essas denúncias, que têm surgido o tempo inteiro. Soubemos de três casos só na Praça do CCHLA. Solicitamos à administração universitária as imagens do circuito de segurança interna para identificar os agressores. A diretora do CCHLA, Mônica Nóbrega, informou que está aguardando a oficialização do relato das universitárias abusadas. Soubemos que foi uma aluna de Letras e Biologia. Já solicitamos o reforço da segurança no nosso Centro, adiantou. Em um dos casos, a estudante relatou a violência sofrida. Uma delas foi estuprada, de acordo com aquilo que o código entende como estupro. O agressor pegou nela, apalpou seus seios, botou a mão por dentro da sua calcinha, ameaçou-a de morte. É uma situação delicada, assustadora e que estamos tentando combater dentro da universidade, frisou.
A violência não se restringe aos banheiros. Em outros ambientes da Universidade, estudantes se sentem vulneráveis, até mesmo quando se trancam em ambientes teoricamente seguros. Na noite do feriado, da última terça-feira, um grupo de homens tentou arrombar a porta do Centro Acadêmico de Enfermagem, onde universitárias que participavam do I Encontro sobre Saúde Mental das Mulheres estavam dormindo. Há mais de três anos discutimos essas questões, tentando resolver os problemas de insegurança com mais celeridade, afirma Mônica Nóbrega.