O ex-ministro Joaquim Barbosa comunicou hoje, em sua conta no Twitter, que desistiu do projeto de candidatar-se à presidência da República pelo PSB nas eleições de outubro. Relator do processo do mensalão, que acarretou prisões de líderes petistas proeminentes e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa atribuiu a sua decisão em sair do páreo a causas exclusivamente pessoais. O gesto foi tomado, de acordo com ele, após acuradas reflexões que fez sobre a possibilidade de figurar entre os postulantes à cadeira ocupada por Michel Temer.
Joaquim Barbosa sai da corrida sucessória com uma boa cotação nas intenções de voto de parcelas do eleitorado. Um dos últimos levantamentos de institutos de pesquisas apontou o ex-ministro com 11% das preferências, tecnicamente empatado com a ex-ministra Marina Silva, do Rede Sustentabilidade. Para os analistas políticos, Marina ainda estaria se beneficiando do recall de sua participação na disputa de 2010, quando contribuiu para um segundo turno, mas do qual não participou. A candidatura de Joaquim foi saudada por setores da opinião pública que acompanharam sua atuação no julgamento do mensalão e elogiaram a coragem com que expôs argumentos condenatórios contra figurões envolvidos em escândalos.
Nomeado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Joaquim Barbosa tornou-se o primeiro ministro negro na história da Suprema Corte de Justiça do País. Dono de uma vasta cultura jurídica, com passagens por renomadas Universidades do exterior, Joaquim Barbosa não demonstrou, contudo, jogo de cintura no período em que testou a viabilidade de sua candidatura ao Planalto pelo PSB. Não empolgou lideranças políticas que se queixavam da dificuldade de acesso a ele e deparou-se com a existência de um forte segmento no bloco socialista favorável ao apoio à candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem completou o primeiro mês de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná. O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, figurava entre os socialistas que faziam restrições à candidatura de Joaquim Barbosa.
Nonato Guedes