Violência doméstica, desigualdade salarial e empoderamento feminino foram alguns dos assuntos discutidos na tarde desta quarta-feira (9), durante reunião do Fórum Todas por Uma, criado em maio do ano passado por iniciativa da deputada estadual Daniella Ribeiro. A reunião foi realizada no auditório da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a convite da reitora Margareth Formiga Diniz. Dentre os encaminhamentos está a realização de encontros pelo interior da Paraíba.
Mulheres de diversos segmentos marcaram presença e garantiram a pluralidade do debate no Fórum. Este é um momento importante para que possamos nos unir cada vez mais e mostrar que o problema de uma mulher é problema de todas as outras. Não podemos nos omitir diante da violação de direitos, machismo e preconceito, declarou Daniella. Ela explicou que o objetivo do Fórum Todas por Uma é dar voz a mulheres de todas as classes sociais e discutir os muitos problemas enfrentados na sociedade atual, na qual, muitas vezes, a mulher é rotulada.
Em seu discurso, a reitora da UFPB agradeceu a presença do Fórum no ambiente acadêmico e destacou que o preconceito e o machismo existem também na Universidade, e que a luta por igualdade de direitos deve ser constante. Aqui acontece de tudo: assédio, preconceito. Fizemos várias ações e estamos na luta contra qualquer tipo de violência contra a mulher, afirmou. Margareth é a primeira reitora mulher depois de 19 reitores homens na instituição. Em março deste ano ela foi uma das homenageadas com o Troféu Mulher Exemplo, promovido pelo Fórum.
Durante a reunião a estudante de artes visuais Yasmin Formiga ressaltou a importância da discussão realizada pelo Fórum e destacou a importância de se ter uma contínua campanha contra a violência. Ela, que disse já ter assediada, lamentou o fato de que muitas vítimas não procurem a polícia para denunciar seus algozes. Não podemos achar que o assédio é normal. Não podemos considerar que o feminicídio é comum, não é. Essa naturalização assusta, pontuou. Yasmin tem 21 anos e se destacou quando iniciou um protesto nas redes sociais contra a música Surubinha de leve, cuja letra promove a violência contra a mulher.
A juíza Graziela Queiroga, da Coordenadoria da Mulher em situação de violência do Tribunal de Justiça, falou sobre a violência doméstica, destacando os 12 anos da Lei Maria da Penha que será comemorado em agosto. Essa unidade é que faz as coisas acontecerem, precisamos de mais espaços como esse, frisou.
Laissa Guerreira
Ainda na reunião, a estudante Laissa Polyana, 12 anos, emocionou o grupo ao mostrar a evolução que teve após tomar a primeira dose do medicamento Spiranza. Laissa foi a primeira pessoa com AME (Atrofia Muscular Espinhal) a receber o medicamento na Paraíba, após uma intensa luta de idas e vindas a Brasília. A patologia atinge a musculatura e a pessoa, aos poucos, vai perdendo os movimentos. O remédio é o único no mundo capaz de frear a evolução da doença.
Laissa agradeceu o apoio de Daniella e do Fórum na luta pelo medicamento, liberado no mês passado. No segundo semestre de 2017, Daniella articulou uma visita de Laissa ao então ministro da Saúde, Ricardo Barros, que se sensibilizou com a história de vida da garota. O custo das doses do Spiranza para Laissa custa mais de R$ 2 milhões. Contudo, ela conseguiu a liberação através do Sistema Único de Saúde (SUS) em abril, e já tomou a primeira dose. No encontro do Fórum, Laissa se levantou da cadeira de rodas e ficou em pé, sendo aplaudida pelos presentes.
Próximas reuniões
Como a ideia é interiorizar o Fórum Todas por Uma, o próximo encontro será realizado em Campina Grande ainda no mês de maio. Em seguida, o objetivo é levar para municípios mais distantes, para ampliar as discussões e auxiliar o maior número possível sobre seus direitos.