Pelo menos quatro partidos o PSOL, PT, PSB e PCdoB, em conjunto com várias entidades, decidiram protocolar hoje pedido de impeachment do prefeito afastado de Cabedelo, Leto Viana (PRP) e do vice-prefeito Flávio de Oliveira, presos pela Polícia Federal no bojo da operação Xeque-Mate, sob acusação de corrupção e enriquecimento ilícito. O MP denunciou 26 envolvidos no esquema e estuda medidas para a suspensão dos seus salários. Se for acatada a representação dos partidos e entidades, deverão ser convocadas novas eleições na cidade portuária, conforme revela Marcos Patrício, dirigente do PSOL na cidade.
A denúncia entregue pelo Ministério Público com base em investigações do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) dá conta de que, mesmo preso no Quinto Batalhão da PM no Valentina Figueiredo, em João Pessoa, Wellington Viana continuou a comandar a continuidade do modelo administrativo instaurado por ele desde 2012, através da eleição do sucessor interino. Segundo a denúncia do MPPB, o que mais impressionou, no curso da operação, foi, sem dúvida, a total falta de temor dos integrantes da organização criminosa comandada pelo prefeito afastado e outros, com a ação do Estado e a ausência de qualquer compromisso dos mesmos com o espírito público derivado de seus cargos. A denúncia pontua que apesar do beneficiamento do prefeito interino Vitor Hugo e da vice-prefeita, vereadora Geusa, por determinação de Leto Viana, emitida direto do cárcere, não há evidências de que os dois estejam seguindo os mandamentos repassados após a ascensão aos cargos executivos.
Os promotores acreditam que com o avanço das investigações pode ser que tais indícios venham a surgir. Em nota divulgada ontem, a pretexto de esclarecer notícias sobre um encontro com vereadores e suplentes num restaurante de Intermares após a deflagração da operação Xeque-Mate, o prefeito em exercício de Cabedelo, Vitor Hugo, reiterou que o encontro não foi articulado a mando de Leto Viana e que a iniciativa partiu dele mesmo, interessado em assegurar apoio dos vereadores para o enfrentamento de desafios administrativos em Cabedelo. Vitor Hugo adverte que o próprio Ministério Público afirma categoricamente não haver indícios de qualquer influência ou participação do prefeito afastado na atual gestão municipal. Acrescenta que a exoneração de 487 servidores indicados por Leto Viana, incluindo a do próprio Fabrício Magno e a grande maioria dos secretários municipais, foi o primeiro ato de Vitor Hugo à frente da prefeitura, reforçando a sua independência e autonomia que o presente momento exige, assim como o seu compromisso com a probidade na gestão da administração cabedelense.
Nos termos da denúncia formulada, no dia 03 de abril, enquanto eram cumpridos 11 mandados de prisão, dois deles direcionados a Leto Viana e ao presidente da Câmara, Lúcio José do Nascimento, parte do grupo político, cumprindo ordens de Leto, emanadas de dentro da prisão e recepcionadas por seu porta-voz Fabrício Magno Marques de Melo Silva, planejava a continuação do modelo administrativo implementado pela gestão fraudulenta que se inaugurou em 2013, com a renúncia de José de Lucena Filho (Luceninha), então prefeito, e consequente investidura de Leto, que teria pago R$ 5 milhões. Além do prefeito afastado Leto Viana, outras 25 pessoas foram denunciadas pelo MP estadual como integrantes de uma organização criminosa.
Nonato Guedes