Um levantamento encomendado pela Confederação Nacional de Transportes sobre tendências de voto do eleitor para a disputa à presidência da República em outubro revela que, com a exclusão do ex-presidente e líder petista Luiz Inácio Lula da Silva da corrida, o páreo favorece a três candidatos em potencial: o deputado federal Jair Bolsonaro, a ex-ministra Marina Silva e o ex-ministro Ciro Gomes, cujas votações se aproximam na compilação dos percentuais. Lula cumpre pena de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, sob acusações de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Na pesquisa da CNT, Marina Silva, filiada à Rede Sustentabilidade, chega a alcançar 33,1% das preferências. Ambientalista e ex-ministra do governo Lula, Marina foi decisiva, em 2010, com uma votação surpreendente, para provocar um segundo turno, do qual não participou, já que a polarização foi entre o PT e o PSDB. Na conjuntura atual, o nome mais cogitado dentro do PSDB para disputar a presidência é o do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que se desincompatibilizou do cargo para ficar disponível para a corrida eleitoral. Alckmin, porém, começa a ser bombardeado por denúncias de irregularidades cometidas na sua gestão, o que complica o cenário para os tucanos.
Um outro fator que está sendo levado em conta pelos analistas na análise de sondagens eventualmente feitas é o rompimento da aliança do Democratas com o PSDB. Essa composição foi possível em outras disputas, mas a cúpula do DEM parece cansada do papel de coadjuvante que a legenda desempenha nos pleitos eleitorais. Nos quadros do Partido dos Trabalhadores, ainda há lideranças favoráveis à manutenção da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo com a condenação que lhe foi atribuída pelo juiz Sérgio Moro. Os segmentos mais pragmáticos defendem que o Partido dos Trabalhadores comece a examinar alternativas, para não ficar isolado na corrida presidencial. O próprio ex-presidente Lula sinalizou que o PT está liberado para formular cenários e chegou até mesmo a propor a candidatura de um nordestino, o que em tese reforçou as chances de indicação do líder baiano Jaques Vágner.
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por sua vez, resiste às pressões para colocar em pauta, internamente, a discussão sobre um Plano B para preencher a lacuna resultante de uma inelegibilidade do ex-presidente Lula. Gleisi é partidária do argumento de que a manutenção da candidatura Lula pode desencadear uma pressão popular que contribua para sua soltura e a garantia da elegibilidade no pleito vindouro. Mas à medida que o quadro vai se afunilando, as chances de Lula vir a ser candidato são remotas. Ele deverá atuar como uma espécie de cabo eleitoral decisivo do PT para o confronto, já tendo gravado intervenções para serem utilizadas no horário eleitoral gratuito. Candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes já fez uma exortação à cúpula do PT para decidir apoiá-lo como cabeça de chapa. A senadora Gleisi Hoffmann, entretanto, ironizou a pretensão de Ciro Gomes, chegando a afirmar: Esse aí não passa no crivo do PT nem com reza brava.
Nonato Guedes, com agências