As cúpulas nacionais do PT e do PSB passaram a intensificar contatos para mapear o quadro de alianças nos Estados e o prognóstico inicial é de que em pelo menos dez Estados a composição é viável. A Paraíba está listada entre os Estados onde as duas legendas vão se coligar em tese, o PSB aguarda o apoio do PT à candidatura do ex-secretário João Azevedo, lançado pelo governador Ricardo Coutinho como a melhor alternativa para dar continuidade ao programa de obras e investimentos que ele executa no Estado. Ricardo optou por não concorrer ao Senado, permanecendo no exercício do cargo até o último dia, dentro da estratégia para reforçar a candidatura de João Azevedo.
O gestor paraibano reforçou seu cacife junto a petistas do Estado e da direção nacional pelas manifestações seguidas de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e à ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu processo de impeachment via Congresso Nacional. Ricardo esteve na comitiva de governadores que tentou visitar Lula nos primeiros dias após a sua prisão e foi barrada por determinação da juíza executora da pena. Antes disso, quando do processo de impeachment, trouxe Dilma à Paraíba para palestra e esclarecimento sobre alegadas motivações políticas que estariam por trás da mobilização pelo impedimento.
Coutinho ainda trouxe Lula e Dilma para a inauguração simbólica da chegada das águas do rio São Francisco a municípios paraibanos incluídos no projeto de transposição. Numa cerimônia diante do presidente Michel Temer, Ricardo reconheceu o ex-presidente Lula como um grande benfeitor da região Nordeste e deu-lhe todo o crédito pelo desafio de levar adiante o projeto de transposição, concebido ainda no Império e que nunca avançara substancialmente. A respeito das alianças para as eleições deste ano, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, identificaram na reunião de ontem a perspectiva de composição em pelo menos dez Estados. Em Pernambuco, uma ala preponderante do PT defende que somente seja feita a aliança com a garantia do apoio do PSB à pré-candidatura de Lula, que está preso. Embora seja remoto o registro de uma candidatura de Lula, facções petistas insistem na manutenção do seu nome no páreo, informalmente. A cúpula nacional petista tem pressa no fechamento de uma agenda que alternará pequenos eventos com grandes manifestações. A tática do PT objetiva, também, contribuir para a retomada do fortalecimento da legenda, que acumulou perdas substanciais nos últimos anos em meio a denúncias de escândalos e a prisões de líderes de expressão, como o próprio Lula.
No reverso da medalha, a campainha de alarme soou dentro do PSDB diante da queda vertiginosa do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como opção para a disputa presidencial em outubro. A última pesquisa CNT/MDA, divulgada no começo desta semana, apontou uma queda de Alckmin de 8,6% para 5,31%, em levantamento que excluiu a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário. O receio entre os tucanos é o de que Alckmin continue em queda livre nos cenários que estão sendo desenhados, podendo chegar a 3% em julho, o que significaria um baque considerável nas suas pretensões. Há correntes propondo que João Doria, o atual prefeito de São Paulo, seja candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Alckmin, como tática de reforço. Doria, no momento, é favorito em pesquisas para a disputa ao governo de São Paulo, até mesmo em confronto com Márcio França, do PSB, que assumiu a titularidade com o afastamento de Alckmin para concorrer à presidência da República.
Nonato Guedes, com agências