O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de um inquérito para apurar se integrantes da cúpula do MDB receberam propinas da JBS e da Transpetro. A investigação mira, principalmente, figuras de destaque como os senadores Eunício Oliveira (CE), presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), ex-presidente, Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Valdir Raupp e o paraibano Vital do Rêgo Filho, atualmente ministro do Tribunal de Contas da União, além do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (RN). Todos negam as acusações.
Em nota, a direção do MDB informou que o partido repudia mais uma tentativa de criminalização da política e espera que a conclusão deste inquérito seja rápida. Enfatiza a sua expectativa de que, ao final, a verdade será restabelecida. A assessoria de Eunício Oliveira disse que a narrativa dos delatores é falsa e caluniosa e assegura que o parlamentar nunca recebeu doações eleitorais de Sérgio Machado, seu adversário político histórico, ou do Partido dos Trabalhadores, conforme é possível verificar na prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral.
O advogado Luís Henrique Machado, que defende Renan Calheiros, disse que o inquérito será uma oportunidade para demonstrar a verdade dos fatos, infelizmente manipulada por delatores que tiveram acordos rescindidos ou que a própria Polícia Federal já sugeriu o cancelamento. A colaboração de Machado foi homologada em maio de 2016. Ele gravou conversas com colegas de partido, que foram reveladas pela Folha de S. Paulo. A delação dos executivos da JBS se tornou pública há um ano e Joesley Batista, um dos donos da companhia, gravou secretamente conversa com o presidente Michel Temer. Ex-presidente da Transpetro e delator da Lava Jato, Sérgio Machado disse que o PT pediu à J&F, holding que controla a JBS, o pagamento de propina de R$ 40 milhões ao MDB como forma de compra de apoio político nas eleições presidenciais de 2014. Na delação, Machado contou que as doações da JBS para os então peemedebistas do Senado geraram um desentendimento no partidoe, então, o presidente Michel Temer reassumiu o comando da legenda. Na época, Temer era vice de Dilma Rousseff e a chapa concorria à reeleição.
Ele disse ter ouvido de diversos senadores, na casa de Renan, que o grupo JBS iria fazer doações ao MDB, a pedido do PT, na ordem de R$ 40 milhões e que a informação lhe fora posteriormente confirmada por Ricardo Saud, então diretor da JBS. Um ano depois da delação de Machado, fechada em 2016, Saud e outros executivos da JBS também fizeram acordo com a Procuradoria Geral da República. Saud corroborou as declarações de Machado e disse ainda que parte da propina era direcionada a Eunício como contraprestação à atuação favorável aos interesses do Grupo J&F no processo de aprovação de Medidas Provisórias. Já tramita no Supremo Tribunal Federal um inquérito para apurar a compra de Medidas Provisórias, aberto com base na delação da JBS.
Folhapress