Durante o nono encontro de governadores do Nordeste, realizado, ontem, no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, o gestor paraibano Ricardo Coutinho (PSB) enfatizou seu posicionamento contrário à privatização da Eletrobras e da Chesf e cobrou ações voltadas para a defesa do rio São Francisco. Justificou que a Eletrobras e a Chesf constituem patrimônios fundamentais para que o Brasil seja tratado de forma igualitária. Disse Ricardo: Não se pode privatizar um rio, num momento em que o Nordeste conseguiu a chegada das águas do São Francisco com a transposição. A região, hoje, tem outra realidade e a água não pode ser entregue à iniciativa privada.
Anfitrião do evento, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também ressaltou o impacto que a possibilidade de privatização ocasionará na vida de milhões de nordestinos e brasileiros. Esse projeto visa a privatizar a vazão do rio São Francisco e fazer com que uma área tão estratégica e que tem uma função social e econômica tão fundamental para os nordestinos esteja num processo de discussão acelerado, sem transparência. Nós não vamos permitir isso, porque vai encarecer a conta de luz de milhões de brasileiros e não proporciona nenhuma contrapartida que vá garantir algum tipo de sustentabilidade em relação ao rio, frisou.
O encontro contou com a participação de governadores de seis estados nordestinos e do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Ao final dos debates, foi apresentada uma carta aberta que contempla, entre outros pontos, a posição contra as privatizações de estatais e reivindicações específicas nas áreas sociais como o programa de aquisição de alimentos e o Sistema Único de Assistência Social. O documento será encaminhado ao governo federal e ao Congresso Nacional. No total, a carta contém 11 reivindicações, envolvendo demandas como a rediscussão do equilíbrio federativo, a conclusão da transposição do rio São Francisco e a retomada das obras das ferrovias Transnordestina e Norte-Sul. A cobrança por diálogo da parte do Palácio do Planalto foi constante nas intervenções dos gestores.
Houve reclamações pelo fato de que a criação do Ministério da Segurança Pública não foi precedida de discussão com os Estados. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou que o Nordeste está unido e não vai baixar a cabeça. Mais uma vez estamos apresentando ao governo federal reivindicações que continuam sendo ignoradas pela União, protestou. O texto afirma que as administrações estaduais seguem aguardando, ainda, a definição dos critérios da linha de financiamentos, da ordem de R$ 42 bilhões, prometida no último dia nove de março em reunião ocorrida no Palácio do Planalto, sem que nenhum Estado tenha logrado êxito no acesso a esses recursos, mesmo já transcorridos mais de 60 dias desde o seu anúncio. Os governadores também reivindicam a retomada das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste.
Nonato Guedes, com assessorias