Governador da Paraíba por três vezes e colecionando uma derrota no pleito de 2010, o senador José Maranhão (MDB) dispõe-se a enfrentar novamente desafios para tentar voltar ao Palácio da Redenção. Ele ocupou a titularidade, pela primeira vez, a partir de 1995, com a morte de Antônio Mariz, de quem foi vice na campanha memorável de 94 em que a chapa derrotou a candidatura de Lúcia Braga (PDT). Em 1998, beneficiado pela aprovação da emenda da reeleição a cargos executivos em todos os níveis, no Congresso, Maranhão decidiu concorrer, em condições favoráveis, já que não precisava desincompatibilizar-se do cargo.
Sua pretensão, porém, foi contestada pelo grupo Cunha Lima, liderado pelo senador Ronaldo e pelo seu filho, deputado federal Cássio, com o apoio de outros líderes que gravitavam na órbita do clã. Maranhão tentou justificar que a candidatura era uma consequência natural da emenda da reeleição recém-aprovada e tentou, por todos os meios, abortar dissidências prejudiciais. Não houve acordo. Embora, em face do rigor da legislação, tivessem que permanecer no antigo PMDB para conquistar mandatos, os Cunha Lima não fizeram campanha por Maranhão e Ronaldo chegou a se confrontar com Haroldo Lucena em convenção pela presidência do diretório regional do partido, sendo derrotado graças ao rolo compressor montado por Maranhão.
O adversário de Maranhão acabou sendo o então deputado Gilvan Freire, que concorreu com a simpatia dos Cunha Lima mas pela legenda do PSB, num páreo flagrantemente desigual, sob todos os aspectos. Maranhão logrou obter vitória acachapante nas urnas, tornando-se, proporcionalmente, o governador mais votado do país, tendo como vice o ex-deputado federal e ex-deputado estadual Roberto Paulino, com atuação política baseada em Guarabira. Em 2002, Paulino foi lançado candidato do PMDB, enfrentando Cássio Cunha Lima, que já migrara para o PSDB junto com Ronaldo e outros líderes. Foi um páreo duro, com direito a segundo turno, no qual Paulino foi batido por Cássio, reeleito em 2006 e desalojado do cargo em 2009 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Maranhão completou o mandato por ter sido o segundo colocado na disputa de 2006. Seu vice era Luciano Cartaxo, hoje prefeito de João Pessoa e então filiado ao PT. Em 2010, Maranhão tentou a reeleição, tendo como vice o deputado estadual petista Rodrigo Soares, mas foi vencido por Ricardo Coutinho, liderança emergente a partir das vitórias obtidas à prefeitura de João Pessoa.
Aos 84 anos, chamado de velho por adversários políticos e comandando um partido esvaziado de quadros, que ainda recentemente perdeu o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo para o PSB e o senador Raimundo Lira para o PSC,José Maranhão acredita que terá chances, inclusive, em face da decantada experiência à frente do Executivo estadual. Terá pela frente, entretanto, a máquina do governo estadual, que através do socialista Ricardo Coutinho apoia a candidatura do ex-secretário João Azevedo, um neófito nas urnas mas um técnico de qualificações reconhecidas.Uma terceira candidatura em pauta é a de Lucélio Cartaxo, pelo Partido Verde. Irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa, Luciano, que era o candidato do clã e desistiu em face da desunião nas oposições, Lucélio surpreendeu com boa votação quando candidato ao Senado em 2014, na chapa encabeçada por Ricardo Coutinho, que foi reeleito. Mas os reforços maiores da sua candidatura são dados pelo irmão-prefeito da Capital e pelo grupo do senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, que deverá indicar o nome para a vice de Lucélio. Partidos pequenos, da faixa de esquerda, completarão o cenário de candidaturas, mas a previsão é de que as expectativas estarão concentradas em Maranhão, Lucélio e Azevedo. Patrono da candidatura de João Azevedo, o governador Ricardo Coutinho optou pela permanência no governo até o último dia do mandato, desistindo de concorrer a uma vaga ao Senado, para a qual teria chances.
Uma dúvida nos meios políticos diz respeito à candidatura da vice-governadora Lígia Feliciano, pelo PDT, ao governo do Estado. Ela esperava assumir o governo com uma renúncia de Ricardo para disputar o Senado, mas foi surpreendida com a permanência dele. Igualmente esperava que Coutinho desistisse da candidatura de Azevedo e a apoiasse para a sua sucessão, o que não ocorreu. Lígia tem o aval da direção nacional do PDT para ser candidata ao governo e o apoio do marido, o deputado federal Damião Feliciano, presidente do diretório estadual da legenda. Tem dito que, como candidata, se apresentará como expoente da continuidade das obras desenvolvidas pela atual gestão, pilotada por Ricardo, o que certamente confundirá fatias do eleitorado. Quanto a Maranhão, diz-se tranquilo. Acredita que poderá ser bafejado justamente pelas divisões ocorridas em outras agremiações.
Nonato Guedes