O deputado federal Marcondes Gadelha (PSC) se disse decepcionado com a demora das obras do Eixo Norte do projeto de transposição das águas do rio São Francisco que irá beneficiar cidades do Sertão paraibano. Ele chegou a fazer uma comparação com a transposição do rio Yang Tsé para a bacia do rio amarelo, na China, dizendo que aqui são 127M3 por segundo e lá são 1.600M3. O custo aqui é de R$ 8 bilhões e lá foi de U$S 62 bilhões. Os trabalhos na China começaram depois da nossa transposição e já estão concluídos, ponderou.
O parlamentar, que reassumiu mandato na condição de suplente, com a morte do deputado federal Rômulo Gouveia, do PSD, salientou que vai continuar priorizando a bandeira da transposição das águas do rio São Francisco, ao lado de outros temas urgentes da conjuntura nacional e, sobretudo, da realidade do Nordeste. Ele pretende cobrar explicações de autoridades e ministros do governo do presidente Michel Temer sobre a lentidão das obras, salientando que não há justificativa plausível para esse retardamento, que só penaliza a população carente do Sertão paraibano.
A transposição das águas do rio São Francisco foi encampada por Gadelha desde que se elegeu ao Senado, em 1982 e, posteriormente, investiu-se em mandatos na Câmara Federal, pela sua condição de suplente, em casos de licença ou morte de titulares. Ele participou de atos públicos que foram realizados no início da mobilização de lideranças regionais em torno da transposição das águas e testemunhou, com desalento, a falta de união do Nordeste como um todo em torno desse tema. Em alguns Estados, houve manifestações de hostilidade por ocasião de debates promovidos a respeito do assunto, com o questionamento da falta de atenção a efeitos colaterais danosos ao meio ambiente. Esse ponto chegou a ser polemizado por artistas como a cantora paraibana Elba Ramalho, nascida em Conceição, no Vale do Piancó.
Para Gadelha, algumas das observações críticas a respeito do projeto de interligação de bacias são pertinentes e devem ser levadas em consideração, mas com vistas à correção de falhas e não para a paralisação do cronograma. O deputado paraibano recapitulou que desde o Império essa luta tem sido empreendida no Brasil e que a transposição, em si, é essencial para favorecer comunidades que convivem com os reflexos de secas cíclicas, ficando inteiramente desamparadas e ameaçadas em suas condições de moradia no Nordeste. Para a nossa região, não há dúvida de que o projeto se traduz numa redenção, possibilitando a eliminação de paliativos que de forma recorrente foram adotados por sucessivos governos, diante da ausência de uma bússola para guiar os passos nessa longa marcha, aduziu o parlamentar.
Marcondes destaca, ainda, que a bandeira da transposição de águas do rio São Francisco transcende governos e siglas partidárias, constituindo-se numa questão de indiscutível interesse público, pela possibilidade não só de manter o povoamento de áreas do Nordeste como de propiciar o desenvolvimento autosustentável dessas regiões, com o incentivo a culturas nativas e a programas de subsistência alimentar. A transposição barra, igualmente, o êxodo crescente que tem se acentuado em demanda de regiões do Sul do país e que tem se constituído num problema adicional, devido à explosão demográfica nesses centros e à falta de condições de infraestrutura, além da ausência de ofertas de emprego para garantir o sustento das famílias, acrescentou. E concluiu, dizendo que continuará empenhado na defesa da conclusão da transposição, como um compromisso de homem público que pode contribuir para atender às aspirações das populações desassistidas na Paraíba e no Nordeste brasileiro.
Nonato Guedes