O senador paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB, que decidiu permanecer em Brasília nos últimos dias para discutir e propor alternativas ao impasse ocasionado pela greve dos caminhoneiros, exortou o Senado a oferecer contribuição valiosa com vistas à superação dos problemas embutidos na crise. O Congresso pode e deve dar essa contribuição, assinalou o parlamentar tucano, acrescentando que se o povo se sacrifica tanto, o governo também deve dar sua quota de sacrifícios, tomando medidas para a redução do tamanho do Estado e para facilitar uma reforma tributária justa que valorize o espírito da Federação.
Cunha Lima gravou vídeos em seu gabinete, em Brasília, pronunciando-se a respeito da paralisação dos caminhoneiros e alertando que os reflexos alcançaram diversos outros setores da sociedade, daí ter sido favorável ao retorno imediato dos grevistas ao trabalho e ter defendido que o governo federal agisse com rapidez no encaminhamento das medidas efetivas. O senador, que é primeiro vice-presidente do Senado, reuniu-se com sua equipe de assessores a fim de obter subsídios sobre as propostas viáveis a serem formuladas no curto prazo. Para ele, a grande aspiração da sociedade é a normalização da rotina, que foi alterada abruptamente com paralisação, escassez, incidentes e o recurso, pelo governo, à intervenção das Forças Armadas a fim de conter situações de caos.
Líderes oposicionistas na Câmara Federal, enquanto isso, divulgaram nota conjunta alertando para a gravidade da situação, criticando as vacilações do governo do presidente Michel Temer (MDB) e até insinuando a renúncia do mandatário por não ter condições de atuar com eficácia em meio à conjuntura emergencial gerada no país. Houve protesto, na nota, contra a decisão de recorrer às Forças Armadas para desobstruir vias e acabar com os protestos dos caminhoneiros. Pelo menos seis líderes, entre os quais José Guimarães, do PT-CE e Orlando Silva, do PCdoB de São Paulo, foram enfáticos ao proclamar: se o presidente não consegue governar o país, deve renunciar. Houve panelaços em capitais e cidades importantes do país por ocasião de pronunciamento do presidente Temer em rede nacional a pretexto de anunciar medidas para solucionar o impasse.
Fontes políticas da base aliada chegaram a avaliar que o governo acabou fazendo concessões demais aos caminhoneiros, depois de ter hesitado e, na sequência, recorrido às Forças Armadas. A nota dos líderes oposicionistas na Câmara descreveu que o país foi colocado no limiar de um regime de exceção, com a expedição de decreto fazendo valer o instrumento de Garantia da Lei e da Ordem, que é questionado como autoritário, pelos poderes extraordinários que confere ao Executivo para agir em ocasiões críticas para a estabilidade democrática. A previsão é de intensa mobilização em Brasília, tanto no Palácio do Planalto como na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional, com a apresentação de iniciativas que colaborem para evitar a repetição de praticamente uma semana de paralisação, que causou profunda comoção na sociedade brasileira e despertou repercussão na mídia internacional.
Nonato Guedes, com assessoria