Um levantamento divulgado pela Folha de São Paulo revela que a insatisfação com o governo do presidente Michel Temer (MDB) ampliou-se consideravelmente na classe política, inclusive, na chamada base aliada que dá sustentação no Congresso. Não é o caminhoneiro, é o povo brasileiro que cansou do governo Temer, admitiu Ronaldo Caiado, da bancada ruralista no Congresso, destacando as reações de desgaste que afetam o poder central, agravadas pela má condução, pelo Planalto, de soluções para a greve dos caminhoneiros que paralisa o Brasil há uma semana, com efeitos colaterais no funcionamento de serviços essenciais para a população brasileira.
No Senado e na Câmara dos Deputados, já há prognósticos de que Temer não consiga completar os sete meses de mandato que lhe restam, para concluir o período originalmente enfeixado por Dilma Rousseff (PT), alvo de um processo de impeachment que ainda hoje torna indefinido o seu futuro político. O argumento predominante entre os parlamentares, confrontados com relatos oriundos de seus Estados ede todo o país, é que o presidente Michel Temer perdeu quaisquer condições de mediar entendimentos com categorias sindicais e sociais, diante da falta de credibilidade que já vinha se manifestando em reprovação que rondou os 70% numa das últimas pesquisas de institutos especializados.
Os políticos aprofundam o distanciamento do governo Temer de olho, também, nas eleições de outubro, em que precisarão renovar mandatos parlamentares ou concorrer a cargos executivos nos diferentes Estados. Eles afirmam, abertamente, que não têm o menor interesse em associar sua imagem à do governo, até porque reclamam que Temer só buscou dialogar com os políticos e com setores representativos da sociedade quando concluiu, concretamente, que a margem de isolamento da gestão foi se ampliando. A inviabilização de uma suposta candidatura de Michel Temer à reeleição foi encarada como o sintoma concreto do desgaste do governo federal e do fim antecipado da gestão que o emedebista empalma. O Planalto passou a trabalhar com a hipótese da candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, pelo MDB, mas mesmo essa pré-candidatura entrou em banho-Maria diante da indefinição da conjuntura após uma semana de paralisação, em que, na definição de especialistas, o governo ficou praticamente de joelhos. O presidente Michel Temer manifestou a convicção absoluta de que as coisas serão resolvidas a partir de hoje e que se abrirá o caminho para a volta da normalidade na vida dos brasileiros.
O deputado estadual paraibano Raniery Paulino, do MDB, advertiu que as responsabilidades devem ser assumidas não apenas pelo governo federal, mas, também, por governos estaduais. O parlamentar salientou concordar com as avaliações feitas de que o governo de Temer subestimou o movimento dos caminhoneiros, mas observa que na Paraíba o governo de Ricardo Coutinho, do PSB, ficou indiferente à redução da carga tributária. Temos, cada um, de fazer nossa parte, admoestou Raniery Paulino.
Nonato Guedes, com agências