O presidente da Federação das Associações dos Municípios da Paraíba (Famup), Tota Guedes, externou sua preocupação com a conjuntura de colapso nas cidades em decorrência da greve dos caminhoneiros que tem alcance nacional. Mencionou os efeitos do desabastecimento sobre serviços de saúde, educação e, principalmente, limpeza urbana. Pelo menos 80% das localidades paraibanas não tem combustível nos postos, relatou o dirigente da Federação.
Guedes se diz preocupado com a dificuldade para remoção ou transferência de pacientes de cidades menores para centros maiores do Estado. Explicou que, como nas cidades do interior não há serviços de saúde de emergência ou para tratamentos específicos, o deslocamento para polos maiores está impossibilitado pela falta de combustível. As consultas para tratamento de oncologia que são realizadas em João Pessoa também inquietam prefeitos das cidades, que lamentam a falta de acompanhamento de pacientes em virtude da inexistência de gasolina nos transportes públicos.
O presidente da Famup apontou, ainda, que as cidades estão desertas e sem movimento. Tudo está parado, parecendo mesmo um deserto. Dentro das suas limitações, a Federação vem manifestando apoio aos municípios, acompanhando os desdobramentos da negociação com o governo. Mas há um consenso de que as soluções não podem mais ser proteladas porque a paralisação que se arrasta está mexendo com a vida de todos os habitantes, esclareceu Tota Guedes. Ao se referir aos prejuízos enfrentados por pequenos produtores e agricultores de localidades do interior, deu como exemplo o município de Pedra Lavrada, no Cariri, onde os produtores de leite tiveram que distribuir o produto com a população para não jogar fora o conteúdo que iria para a indústria de laticínios.
A greve geral de caminhoneiros pelo Brasil, que entra hoje no nono dia consecutivo, já provocou uma perda de, pelo menos, R$ 10,2 bilhões à economia do país, de acordo com cálculos feitos por diversos setores ao jornal Folha de São Paulo. O governo terá que cobrir R$ 5 bilhões com o acordo feito entre a Petrobras e os caminhoneiros para a redução do preço do diesel, conforme projeções de especialistas. Os prejuízos são generalizados em todos os setores da cadeia produtiva do país. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, anunciou ontem que o governo federal poderá ter que aumentar tributos para compensar uma parte da despesa que terá com a redução no valor do diesel, anunciado para tentar pôr fim à greve dos caminhoneiros. O ministro não informou quais tributos poderão subir, dizendo que isso acontecerá somente após a aprovação pelo Congresso da proposta de reoneração da folha de pagamentos, que restabelece a cobrança de impostos previdenciários de setores que haviam sido beneficiados com as medidas.