Foram 1.183 dias; ou 169 semanas; 39 meses; ou 3 anos, 2 meses e 26 dias de espera. Esse foi o tempo que o Supremo Tribunal Federal (STF) levou para condenar o primeiro parlamentar na Operação Lava Jato o deputado Nelson Meurer (PP-PR) desde que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot entregou sua primeira lista de deputados e senadores suspeitos de se beneficiarem do esquema de corrupção da Petrobras. Meurer fazia parte da relação a famosa e temida lista de Janot entregue ao Supremo em 3 de março de 2015.
A demora na primeira condenação na mais alta corte do país contrasta com a celeridade com que foram julgados os casos em poder do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. Até o último dia 14 Moro havia condenado 132 pessoas. Foram 203 condenações, pois alguns acusados foram sentenciados mais de uma vez. As penas somam quase 2 mil anos de prisão. Meurer foi condenado a 13 anos e 9 meses em regime fechado.
A Operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março de 2014. Moro condenou pela primeira vez em 22 de abril de 2015 370 dias depois. Na ocasião, considerou culpados o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O caso se referia ao superfaturamento e desvio de dinheiro na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. De lá para cá, o tempo médio da tramitação dos processos com o juiz paranaense foi de nove meses.
Na prática, a diferença entre os 12 meses para a primeira condenação de Moro ante os 39 do Supremo mostra que os ministros demoram o triplo do tempo do juiz para sentenciar o primeiro réu da Lava Jato.
Esses não são os únicos números que mostram o descompasso das duas Lava Jatos. Até o momento o Supremo tornou apenas dez parlamentares réus: os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Fernando Collor (PTC-AL), Gleisi Hoffmann (PT-RS), Romero Jucá (MDB-RR) e Valdir Raupp (MDB-RO). Além deles, também respondem a ações penais os deputados Aníbal Gomes (DEM-CE), José Otávio Germano (PP-RS), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e Vander Loubet (PT-MS).
Atualmente cerca de 50 congressistas são alvo de investigação na corte. Ao todo foram 193 inquéritos. No Paraná foram mais de 1.700.
Fonte: Congresso em Foco