Depois que o Supremo Tribunal Federal condenou o primeiro de 200 parlamentares envolvidos na Operação Lava-Jato, a fila se mexeu e a próxima a ser julgada será a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, casada com o ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que foi envolvido em inquérito sobre negociatas com recursos oriundos de fundos de pensão. Gleisi já é investigada em outros três casos, todos por corrupção, e é candidata a deputada federal em outubro. Ela ressalta que as acusações contra ela e o seu partido são fruto de perseguição política.
Não é o que pensa o ministro Celso de Mello. Segundo ele, todo o espectro partidário que existe no sistema político brasileiro está sendo visado e processado. É irrelevante a coloração ideológica dos réus. Nós não estamos incriminando a atividade política; o que estamos fazendo é punir atores políticos que se converteram em criminosos contumazes. Na terça-feira, 29, o Supremo condenou o deputado Nelson Meurer, do PP, a treze anos e nove meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele recebeu 29 milhões de reais em propina. Quatro anos depois do início da Lava-Jato, o deputado foi o primeiro político detentor de foro privilegiado a ser julgado pela Corte. Neste mês de junho, será a vez do julgamento de Gleisi Hoffmann.
O ministro Celso de Mello, revisor do processo na Corte, disse que pretende liberar o processo para julgamento nas próximas semanas. A investigação contra a petista chegou à Corte em 2015. Ela é acusada de ter recebido 1 milhão de reais de propina oriunda da mesma fonte ilegal que abasteceu as contas de Nelson Meurer.No processo,há testemunhos que detalham como e onde o dinheiro foi entregue. Em um vídeo divulgado por Veja em outubro, o advogado Antônio Carlos Pieruccini, intermediário do doleiro Alberto Yousseff, reconstituiu todo o roteiro que ele percorreu para entregar pacotes de dinheiro a assessores políticos da senadora em 2010. Os principais líderes do PT, Lula, José Dirceu, Antonio Palocci e Delúbio Soares, já foram condenados e estão presos. A depender do que decidir o STF, Gleisi poderá se juntar a eles em breve.
No caso de Nelson Meurer, o seu partido, PP, durante anos permutou o apoio aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff por um naco de uma das diretorias da Petrobras. O deputado Nelson Meurer pertence ao chamado baixo clero do Congresso parlamentares sem expressão política que não participam da tomada de decisões e orbitam os subterrâneos do poder.
Nonato Guedes, com Veja