Pré-candidata do PCdoB à presidência da República, a deputada estadual Manuela DAvilla, do Rio Grande do Sul, afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo que se dispõe a abrir mão da postulação como contributo para unir a esquerda na campanha eleitoral deste ano, mas condicionou a resolução a um gesto do PT, que insiste em defender a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a despeito do risco de inelegibilidade, por ele ter sido condenado pela Justiça e estar cumprindo pena de 12 anos de prisão em Curitiba. Manuela sugere, igualmente, que os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), que atuam no campo da esquerda, também avaliem a possibilidade de abrir mão das pretensões, facilitando o entendimento político desse segmento.
A luta pela soltura de Lula, conforme Manuela, deve continuar sendo prioridade por parte das forças que rejeitam o governo de Michel Temer (MDB), investido no Planalto com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O PT nacional continua quebrando cabeça para definir posicionamento em torno de candidatura à sucessão presidencial. A programação de eventos de lançamento da pré-candidatura de Lula continua mantida em várias Capitais, como parte de uma estratégia para dobrar a Justiça Eleitoral e fazê-la conceder o registro à postulação. O ex-presidente, no atual cenário previsto em lei, está alcançado pelos efeitos da Lei Ficha Limpa, que ele sancionou quando ocupava cadeira no Palácio do Planalto, atendendo a uma mobilização nacional que reclamava o expurgo dos chamados políticos ficha-suja, categoria na qual Lula está hoje inserido devido ao pacote de acusações de corrupção contra ele.
O PT está tão desnorteado com a ausência de Lula do páreo que cogita manter pró-forma sua candidatura, o que tumultuaria o processo eleitoral pela desigualdade de condições que abriria, constituindo-se em privilégio dado a um condenado pela Justiça. Nas últimas horas, ainda como reflexo da desorientação petista, passou a ser defendida uma chapa formada por Lula presidente e Gleisi Hoffmann vice-presidente. Gleisi é senadora pelo Paraná, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, e está na iminência de ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal sob acusação de recebimento de propina na campanha 2010. Alvo de profundo desgaste junto ao eleitorado do seu Estado, Gleisi já admitiu desistir de concorrer à reeleição ao Senado, preferindo disputar mandato na Câmara Federal. Seu marido, o ex-ministro do Planejamento do governo Lula, Paulo Bernardo, chegou a ser condenado e preso, acusado de liderar um esquema de arrecadação de propinas, derivadas de recursos de fundos de pensão.
Nonato Guedes, com agências