Os clãs Cunha Lima e Rêgo, com origem na região de Campina Grande, voltam a duelar por cadeiras ao Senado na eleição de outubro, recriando um confronto verificado em 2010 e que favoreceu a ambos os esquemas. Há oito anos, os candidatos dos respectivos esquemas eram Vital do Rêgo Filho, então PMDB, e Cássio, já aboletado no PSDB. Desta feita, Vital será substituído no páreo pelo irmão Veneziano, atual deputado federal- o ex-senador deixou a atividade política ao ser nomeado ministro do Tribunal de Contas da União.
No histórico de embates entre Cunha Lima e o clã dos Rego, há equilíbrio e revezamento na hegemonia no cenário de Campina, que detém o segundo maior colégio eleitoral do Estado. Veneziano foi eleito prefeito por dois mandatos, batendo nas urnas Rômulo Gouveia, recentemente falecido, que tinha o suporte dos Cunha Lima para a medição de forças. Mais remotamente, Ronaldo Cunha Lima, pai de Cássio, e Antônio Vital do Rêgo, pai de Veneziano e Vital Filho, enfrentaram-se na disputa municipal pelo controle da prefeitura, com Ronaldo logrando sair em vantagem, tal como se deu em 1982, quando ele derrotou Antônio Vital do Rêgo e Enivaldo Ribeiro.
O quadro, agora, é diferente não apenas pela troca de nomes (Vital por Veneziano), mas pelas injunções partidárias. Veneziano, que era filiado ao antigo PMDB, entrou em rota de colisão com a cúpula nacional que o puniu internamente por ter votado contra matérias de interesse do governo Michel Temer remetidas a plenário. Antevendo o risco de expulsão por infidelidade, Veneziano aproveitou a janela partidária e migrou do agora MDB para o PSB do governador Ricardo Coutinho, tornando-se candidato natural ao Senado, até porque Coutinho decidiu permanecer no mandato até o último dia, para tentar eleger João Azevedo à sua sucessão.
Não há garantia de que Cássio e Veneziano sejam eleitos, na repetição do feito de 2010. Há outros postulantes de envergadura no páreo, como o vice-prefeito de João Pessoa, Manoel Júnior (PSC), e, possivelmente a deputada estadual Daniella Ribeiro (PP),que é cortejada pelo pré-candidato do MDB ao governo, José Maranhão, para compor sua coligação. De concreto, um concorrente que poderia dar trabalho anunciou desistência de postular a reeleição o senador Raimundo Lira, atualmente no PSD. Lira atendeu a ponderações familiares e levou em conta reflexões próprias sobre o caráter desgastante da atividade política. O espólio eleitoral de Lira está sendo cobiçado a céu aberto pelos moicanos que desistiram aventurar-se na disputa de candidaturas majoritárias.
Nonato Guedes