Por ocasião, ontem, do anúncio de obras da administração estadual um pacote de serviços oferecido ao povo em três meses o governador Ricardo Coutinho (PSB) reagiu à sinalização do PT em apoiar a pré-candidatura da vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, à sua sucessão, em detrimento da aliança em torno de João Azevedo (PSB), candidato in pectoris do chefe do Executivo, que optou por permanecer até o último dia do mandato no cargo, sem disputar cadeira no Senado. O PT já é maior de idade, frisou Ricardo, salientando que o deputado federal Luiz Couto encarna a grande representatividade petista no Estado e que já está definido irreversivelmente pelo apoio a Azevedo.
O gestor, que praticamente rompeu com o clã Feliciano, acusando Lígia e o marido, o deputado federal Damião Feliciano, de conspirarem para montar um governo paralelo na Paraíba, o que ele barrou, esperava coesão do PT local na manifestação de apoio a Azevedo como reciprocidade à sua atenção e prestígio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à ex-presidente Dilma Rousseff, quando do impeachment desta. Setores petistas, entretanto, torceram o nariz para o leque de apoios que Ricardo tem canalizado, aceitando na sua órbita o DEM, presidido pelo ex-senador Efraim Morais, cogitado para a vice de Azevedo. Os petistas paraibanos, em grande parte, qualificam como golpistas Efraim, cujo filho, deputado federal, votou pelo impeachment de Dilma, e o deputado Veneziano Vital, ex-MDB, hoje PSB, candidato ao Senado, que teve a mesma postura, embora tenha sido penalizado no MDB por também ter se indisposto com o presidente Michel Temer.
Ricardo Coutinho expressou que a vaga na majoritária, exigida pelo PT como requisito para oficializar a aliança com o PSB, não deve ser levada em consideração, pois acredita que não é este o fator mais importante para a celebração da aliança. A política não se faz apenas em função de participação em chapa majoritária, mas levando em conta outros valores, teorizou o chefe do Executivo, lembrando que em 2010 votou no PT sem que o PT votasse nele. Nem por isso achei que devia ofertar ao Brasil algo que eu não considerasse bom. A lógica de levar vantagem em tudo não cabe nesse momento, obtemperou Coutinho. Ele advertiu que o PT tem que responder perante a história sobre suas decisões.
– O PT sabe as coisas que acontecem na política e na conjuntura. Eu não fiz nada de minhas posições em função daquilo que o PT pudesse me dar acrescentou Ricardo, que iniciou sua trajetória política no Partido dos Trabalhadores mas divergiu internamente, foi ameaçado de expulsão e preferiu abrigar-se no PSB, pelo qual se elegeu duas vezes prefeito de João Pessoa e duas vezes governador do Estado, além de vereador na Capital e deputado estadual. O governador rebateu, ainda, as insinuações de setores oposicionistas de que a pré-candidatura de João Azevedo ao governo não empolga o eleitorado. Enquanto esses estão dizendo que João Azevedo não empolga, está todo mundo murchando e João Azevedo enchendo, mas enchendo através do trabalho, através daquilo que ele tem para dar. Não é através da palavra fácil, do discurso fácil, comentou.
Nonato Guedes