A luta por espaços na atividade política para as mulheres continua sendo uma bandeira presente nas campanhas eleitorais, como a deste ano, na Paraíba, onde a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) tenta furar o bloqueio masculino e se impor como candidata ao Palácio da Redenção, mesmo desalinhada da liderança do governador Ricardo Coutinho e ancorando-se num presidenciável do seu partido, o ex-ministro Ciro Gomes. No livro Mulher e Política na Paraíba, Gloria Rabay e Maria Eulina Pessoa de Carvalho abordam, com visão acadêmica, a atuação feminina na política local, destacando que ela se intensificou a partir de 1982 quando, pela primeira vez, desde o golpe militar, se elegeram governadores estaduais. As autoras da obra dizem que naquele ano oito mulheres foram eleitas para a Câmara e 28 para as Assembleias Legislativas nos Estados. Na Paraíba, quatro mulheres concorreram à Assembleia e nenhuma se candidatou à Câmara. Vani Braga, do PDS, irmã do governador eleito no mesmo sufrágio, Wilson Braga, foi vitoriosa.
Em 1986, ocorreram as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Nesse pleito, nenhuma mulher foi eleita para o Senado, mas houve significativo aumento no número de eleitas para a Câmara Federal, que alcançou 26 deputadas. Ainda assim, elas representavam pouco mais de 5% do total de 487 deputados eleitos. Entre elas estava uma paraibana: Lúcia Braga, mulher do ex-governador eleito em 82. A nova Carta Constitucional trouxe consideráveis avanços sobre a ampliação dos direitos sociais, especialmente os das mulheres, graças à articulação suprapartidária destas e às estratégias da bancada do batom, nome dado à mobilização suprapartidária feminina durante seu processo de elaboração. Ainda em 86 na Paraíba, 20 mulheres candidataram-se e duas foram eleitas deputadas estaduais: Vani Braga, reconduzida, pelo PFL, e Geralda Medeiros, pelo PMDB.
Em 1994 foram eleitas em todo o país 34 mulheres para a Câmara Federal e seis para o Senado. Na Paraíba, uma mulher se candidatou ao cargo de deputada federal Nadja Palitot, pelo PDT, que obteve 17.024 sufrágios, não conseguindo se eleger. Para as Assembleias estaduais se elegeram 80 mulheres em todo o país e a Paraíba teve quatro vitoriosas entre 13 candidatas. Embora o número de candidatas tenha sido bem menor comparativamente à eleição anterior, foi eleito o dobro de postulantes. Pela primeira vez uma mulher se candidatou ao governo estadual, Lúcia Braga, pelo PDT, e uma ao Senado, Francisca Zenaide, pelo PCdoB. Desde 1997, por iniciativa da então deputada Marta Suplicy, ex-PT, hoje MDB, passou a vigorar um sistema de cotas estipulando, para qualquer dos sexos, um percentual mínimo de 30% do número de vagas a que cada partido tem direito. Ainda assim, nas eleições de 98, apesar do sistema de cotas, houve uma diminuição da representação feminina no Congresso Nacional apenas 29 mulheres foram eleitas para a Câmara e duas para o Senado. Na Paraíba, nesse mesmo ano, seis mulheres concorreram junto com 49 homens à Câmara, mas nenhuma conseguiu se eleger. Uma mulher se candidatou ao Senado pela Paraíba, Cozete Barbosa, pela coligação PT-PSB-PV-PCdoB, porém, não foi eleita. Nas eleições deste ano, entre outros nomes, cogita-se o da deputada estadual Daniella Ribeiro, do PP, para o Senado, possivelmente na chapa encabeçada por José Maranhão (MDB) ao governo.
Nonato Guedes