O jornalista, advogado, ensaísta e poeta paraibano Orlando Tejo, que há muitos anos residia no Recife, será sepultado, hoje, em João Pessoa. Ele faleceu, ontem, aos 83 anos de idade há quinze anos, padecia do Mal de Alzheimer, que provocou inúmeros lapsos de memória, inclusive quanto ao reconhecimento de familiares e amigos muito próximos. Tejo nasceu em Campina Grande em 1935 e tornou-se famoso ao lançar o livro Zé Limeira O Poeta do Absurdo, obra ainda hoje estudada como uma das expressões mais importantes da literatura de cordel que, no Nordeste, tem um campo fertilíssimo.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, divulgou nota oficial lamentando a morte de Orlando Tejo e ressaltando a valiosa contribuição que ele prestou à divulgação da cultura popular do Nordeste. Escritores, poetas e jornalistas paraibanos manifestaram-se através de redes sociais, citando causos envolvendo a personalidade emblemática de Orlando Tejo, que também pontificou por algum tempo em Brasília, como lembra o jornalista Gilvan de Brito, que ali foi radicado. Graças a Orlando Tejo, Zé Limeira tornou-se um violeiro mitológico no Brasil, originando, inclusive, versões de que não existira, sendo fruto da imaginação de Orlando.
Tejo assegurava ter conhecido Zé Limeira na década de 40, testemunhando inúmeros desafios de que ele participou com outros famosos repentistas populares, chegando a fazer registros em gravações de voz, que, no entanto, se perderam. O que ele conseguiu memorizar colocou no papel e converteu em livro que atrai estudiosos de toda a parte do país. Não obstante as versões de que Zé Limeira constituía uma lenda, há registros de que ele foi uma das estrelas de um sarau com repentistas promovido no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, pelo falecido governador Agamenon Magalhães. Orlando Tejo morreu em casa por volta de 3h30, segundo contou a sua filha, jornalista Cristiana Tejo.
Nonato Guedes