Neto do ex-governador João Agripino Filho, filho do ex-deputado Gervásio Bonavides Mariz Maia, o deputado estadual Gervásio Maia Filho presenteia a Paraíba, amanhã, com a inauguração do novo prédio sede da Assembleia Legislativa, a Casa do Povo, caixa de ressonância dos discursos e das proposituras em benefício dos variados segmentos da sociedade estadual, palco de embates, às vezes acirrados, outras vezes não, tendo como pano de fundo a discussão dos problemas da população dos 223 municípios distribuídos em diferentes regiões e, ao mesmo tempo, a formulação de alternativas ou soluções para essas demandas. Gervásio conseguiu dotar o Legislativo, ou a Casa de Epitácio Pessoa, de uma nova sede, sem precisar sair de onde está, ou seja, da Praça dos Três Poderes, aglomerado emblemático da importância do Legislativo na harmonia com o Executivo e com o Judiciário.
A última grande reforma que resultou na fixação da Assembleia na Praça João Pessoa havia se dado no governo de Ernani Sátyro, investido a partir de 1974, constituindo homenagem do grande homem público ao Parlamento, por quem tinha especial atenção, não tivesse exercido trajetória fulgurante nessa e em outras esferas da vida pública, com passagem, inclusive, pelo Superior Tribunal Militar. A Assembleia Legislativa, como tem sido lembrado por historiadores do porte de Celso Mariz, Deusdedith Leitão e José Octávio de Arruda Melo, tem sido um poder nômade, tantas foram as transferências ou os deslocamentos, por vezes resultantes de injunções políticas associadas ao predomínio do poder de plantão.
Sátyro, quando governador, teve a sensibilidade de dotar a Assembleia de uma sede adequada, fixada em local estratégico que possibilitasse o acesso de representações populares para o acompanhamento dos debates travados, das discussões parlamentares acerca das reivindicações conjunturais e estruturais. Ainda que à custa de desalojar o jornal A União, outro patrimônio da Paraíba, que acabou premiado com instalações condignas para seu funcionamento, o governador Ernani Sátyro apropriou-se do espaço na Praça dos Três Poderes. A Assembleia ficou perto do Palácio da Redenção, do Tribunal de Justiça, e do Ponto de Cem Réis, este encarado como tribuna livre do povo, desaguadouro de comícios e de manifestações em que oradores inflamados revezavam-se para fazer chegar ao conhecimento dos Poderes as postulações que emanavam.
Quando Gervásio Maia Filho ascendeu à presidência da Assembleia Legislativa, o projeto desenhado previa a transferência do prédio-sede para a avenida Epitácio Pessoa, em demanda da orla marítima. Não era o que Gervásio idealizava muito menos o que estava na pauta da voz rouca das ruas, temerosa de um distanciamento do Poder Legislativo das pulsações advindas dos protestos ou aplausos a céu aberto. Numa articulação bem sucedida junto ao governador Ricardo Coutinho, à prefeitura da Capital e a comerciantes e donos de estabelecimentos situados no entorno da Praça dos Três Poderes, Gervásio viabilizou a aquisição do imóvel que concentrara o hotel Parahyba Palace, já incorporado às tradições paraibanas, intentando acolher ali gabinetes essenciais ou indispensáveis ao pleno funcionamento das atividades legislativas.
No paralelo, urgia recuperar fisicamente o prédio atual, do plenário ao estacionamento, passando pelo Parlatório, de modo que houvesse espaço concreto de mobilidade e também um ambiente em que grupos representativos do povo e da sociedade tivessem acesso a sessões e a gabinetes, pontuando os seus reclamos e a esperança por soluções. A manutenção da Assembleia Legislativa no lugar em que está, acrescidos os espaços do entorno que desemboca no Viaduto do Ponto de Cem Réis, calou fundo junto a entidades preservacionistas comprometidas com a valorização do Centro Histórico. Gervásio Maia conclamou segmentos distintos para o debate, e o desideratum é a preciosidade arquitetônica refletida no conjunto de ambientes destinados à boa prática legislativa.
Assinala um tento indiscutível o jovem presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gervásio Maia Filho, que a um só tempo dotou o Legislativo de novas feições sem alterar-lhe a essência requerida pelo instinto conservacionista. Ganha a população pelo grau maior de acessibilidade aos debates ou embates parlamentares. Consolida-se o Centro Histórico de João Pessoa, um dos mais belos do Brasil, pelo compromisso assumido com a preservação, com a conservação das relíquias ali implantadas. Há um choque salutar de interação entre o velho e o novo, entre a tradição e a modernidade, uma simbiose que só políticos com mente privilegiada e espírito público acendrado logram passar para a frente. Gervásio Maia garantiu lugar de honra na galeria dos grandes homens públicos da Paraíba, com todos os méritos.
Nonato Guedes