A candidatura do deputado Gervásio Maia Filho, presidente da Assembleia Legislativa, a um mandato de deputado federal, pelo PSB, segue a tradição cultivada por grande parte dos que foram dirigentes doPoder Legislativo Estadual com vistas a ascender ao mandato em Brasília. Dessa galeria, nos anos mais recentes, fazem parte Carlos Dunga, Gilvan Freire, Evaldo Gonçalves, Inaldo Leitão. Curiosamente, Gervásio Bonavides Mariz Maia, pai de Gervasinho, já falecido, que foi presidente da Assembleia, não concorreu à Câmara mas ao cargo de vice-governador na chapa encabeçada por Roberto Paulino, em 2002, derrotada em segundo turno por Cássio Cunha Lima-Lauremília Lucena. Gervásio, pai, acabou sendo secretário de Finanças de Ricardo Coutinho, quando prefeito de João Pessoa, destacando-se pela eficiência e pelo rigor no controle do equilíbrio do setor na gestão da Capital.
Gervasinho, que deixa como grande marco o novo prédio da Assembleia Legislativa, com a vantagem de mantê-lo na Praça dos Três Poderes, desmembrado no entorno que vai até o antigo hotel Parahyba Palace, e que, seguindo a filosofia do pai, tem mantido austeridade no comando da Casa de Epitácio Pessoa, optou por concorrer a deputado federal depois de certificar-se de que não teria espaço no PSB, ao qual se filiou, para ser candidato ao governo do Estado. Ele sonhou com a perspectiva de alçar ao governo, na condição de neto de João Agripino e de filho de Gervásio Maia. Mas, como não houve sinalização favorável por parte do governador Ricardo Coutinho, que sempre teve como candidato in pectoris o ex-secretário João Azevedo, Gervasinho costurou seu próprio projeto e deflagrou a maratona para federal, já tendo fechado dobradinhas influentes em diversos municípios, até do Sertão paraibano.
Ao optar pela candidatura a federal, ele destoa do próprio pai, que escolheu ser candidato a vice, e de presidentes da Assembleia como Arthur Cunha Lima e Nominando Diniz, que preferiram ser conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, bem como dos últimos ex-presidentes da Casa, Adriano Galdino (PSB) e Ricardo Marcelo, ex-PMDB, que concorreram à reeleição de deputado estadual, com este último desistindo de investir em novas disputas. Carlos Dunga praticamente está aposentado da carreira política, junto com Gilvan Freire, que retomou atividades de advocacia e atuação na mídia televisiva. Inaldo Leitão tem o nome frequentemente mencionado como opção para a disputa de mandatos, mas não deverá chegar a tanto, tendo em vista que há familiares que são concorrentes a federal ou estadual. E o próprio Inaldo tem se mantido afastado de maior participação no processo político paraibano, de que foi um dos expoentes, especialmente no período Mariz-Maranhão.
A base principal de Gervásio está concentrada em municípios como Catolé do Rocha, que compõem a chamada microrregião 89, mas ele tem expandido consideravelmente seu raio de atuação. Em Sousa, por exemplo, fechou uma dobradinha com Lindolfo Pires, da base do governador Ricardo Coutinho, que deve disputar um retorno à Assembleia Legislativa. É certo que o atual presidente da Assembleia Legislativa também opera com desenvoltura em redutos como João Pessoa, onde possui eleitores no segmento formador de opinião pública e na chamada classe média. Gervásio Filho tem propostas objetivas para o exercício do mandato de deputado federal e pretende explorar essas bandeiras nos comícios a céu aberto, no contato com a massa de eleitores, e nas intervenções no Guia Eleitoral. Ele é invariavelmente citado por jornalistas que fazem a crônica política como um dos cotados a alcançar votação expressiva na disputa proporcional de 2018. A questão do Nordeste, com sua pauta de demandas, será priorizada na minha plataforma, enfatiza o atual presidente da Assembleia Legislativa.
Nonato Guedes