Ex-ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff e líder do governo Michel Temer na Câmara Federal, o deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro, do Partido Progressista, é tido como um político versátil e, ao mesmo tempo, um dos mais influentes no círculo do poder em Brasília. Filho do vice-prefeito de Campina Grande, Enivaldo Ribeiro, e irmão da deputada estadual Daniella Ribeiro, que é cogitada para concorrer ao Senado, possivelmente em aliança com o candidato governista João Azevedo, Aguinaldo, não obstante, tem trânsito em diferentes partidos, mantendo boas relações na Paraíba, por exemplo, com o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), adversário do governador Ricardo Coutinho.
Um dos gabinetes que Cartaxo costuma frequentar, invariavelmente, em Brasília, é o do deputado Aguinaldo Ribeiro. Em coluna hoje no Correio da Paraíba, direto da Capital Federal, Edinho Magalhães ressalta que poucos parlamentares em atividade no Congresso possuem uma proximidade tão grande com o poder quanto a que Aguinaldo vem exercendo atualmente. Trata-se, na prática, de ser ouvido para tudo, resume o colunista, explicando que o deputado do PPé requisitado para ajudar a decidir a pauta de votações de matérias na Câmara, para desatar os nós surgidos durante as votações, para decidir as prioridades a serem mantidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias e para chancelar ou mesmo indicar nomes para cargos no Executivo e interagir com o Judiciário. Num sinal de equilibrismo, Aguinaldo faz-se interlocutor de segmentos da sociedade civil organizada e defensor dos servidores públicos.
A atuação mais espinhosa do parlamentar paraibano se dá no exercício da liderança do governo do presidente Michel Temer, diante da fragilidade do governo refletida no distanciamento da chamada base aliada e, em contraponto, diante da ânsia do Congresso de ser forte, em meio às complicações criadas no bojo da Operação Lava-Jato e aos desafios impostos por eleições cujo financiamento será mais rigoroso e restritivo, como consequência dos escândalos de caixa dois que têm sido detectados nos últimos anos. Há, ainda, da parte de Ribeiro, o compromisso de ajudar a Paraíba no encaminhamento de demandas que são reivindicadas pela população. O deputado do PP, em tese, teria um alívio a partir desta semana com o início do recesso (o Parlamento só volta a se reunir em agosto, em duas semanas de esforço concentrado). Mas seu foco se volta, agora, para as eleições, em que disputará a reeleição ao mandato de deputado federal, além de participar ativamente de articulações de bastidores para a inserção do Partido Progressista no xadrez político-eleitoral em gestação no Estado.
Com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Congresso Nacional entra em período de recesso nesta segunda quinzena de julho, mais precisamente a partir de terça-feira, dia 17. Na prática, contudo, já houve arrevoada de parlamentares para seus Estados de origem desde a última quinta-feira, dia 12. O esforço concentrado está previsto para a primeira e a última semana de agosto, e para o período de 10 a 12 de setembro. A grande maioria dos políticos concorda que a disputa eleitoral em todo o país afetará o ritmo do Congresso no que diz respeito ao debate e votação de matérias consideradas indispensáveis. O governo Temer, que caminha para o ocaso, deverá ser prejudicado na tentativa de fazer voltar a plenário a reforma da Previdência, já derrotada na Câmara.
Nonato Guedes